Projetos apostam na integração de atividades e no reaproveitamento de resíduos para melhorar seus resultados financeiros e evitar prejuízos ao meio ambiente.
Por Maristela Franco
Um fluxo contínuo, que se retroalimenta por meio da agregação de atividades, reaproveitamento de resíduos e uso racional de recursos naturais, visando não somente elevar a renda do produtor, mas também contribuir para a sustentabilidade do planeta. Esta é a proposta da “economia circular”, que começa a ser adotada por confinamentos brasileiros.
A origem do conceito está na própria natureza – onde nada se perde, tudo se transforma –, mas ele foi apresentado formalmente em um artigo de 1989, publicado pelos economistas e ambientalistas britânicos David Pearce e Robert Kerry Turner, preocupados com os impactos da “economia linear” herdada da revolução industrial, que não prevê reciclagem e transforma o mundo, segundo eles, em um “depósito de lixo”. Já a “circularidade” pressupõe uma abordagem 3-Rs: Reduzir (emprego de menos matérias primas), Reutilizar (componentes) e Reciclar (aproveitar resíduos).
Segundo Danilo Grandini, diretor global de marketing da Phibro e colunista de DBO, esse conceito é perfeitamente aplicável à pecuária. Os confinamentos, por exemplo, geram um resíduo valioso: o esterco, que pode ser aproveitado tanto para adubação quanto para gerar energia.
“Tenho visto muitos projetos criativos surgirem, como o da Cara Preta, no Brasil , e o da Las Chilcas, na Argentina. Essa empresa familiar situada em Córdoba, no norte do país vizinho, criou um modelo partindo da lavoura de milho (10.000 ha), que abastece uma usina de etanol, de onde saem toneladas de DDG para a engorda intensiva de bovinos (32.000 cab/ano) e de suínos (2 milhões de kg de carne/ano). O esterco desses animais vai para um biodigestor, que gera energia elétrica para todo o sistema e biofertilizante para a lavoura de milho, fechando o ciclo”, relata Grandini.