Confinamento em tempos difíceis

Por Maristela Franco

Você entraria em um avião potente, mas sem reserva de combustível e sem um piloto preparado no comando?”. Essa pergunta – feita por Rogério Coan ao economista Antônio Chaker, durante o debate final do Beef Summit Brazil, realizado em Goiânia (GO), nos dias 14 e 15 de setembro – era na verdade dirigida aos produtores presentes, ainda mal recuperados da crise que se abateu sobre a pecuária bovina em 2022/2023. Chaker garantiu que jamais entraria nesse “avião” (metáfora do confinamento especulativo) e ainda frisou: “Pessoal, não há mais espaço para aventuras na pecuária”.

O alerta parece ter encontrado ressonância junto ao público do evento, composto por 1.339 técnicos e pecuaristas, ainda atônitos com a queda vertiginosa da cotação da arroba. “Nunca vivi um ano como este”, admitiu Rafael Cervieri, diretor da Nutribeef Consultoria. “Como 70% do resultado do confinamento depende da relação boi magro/boi gordo, a margem do negócio sumiu. Somente quem travou o preço na Bolsa teve algum lucro”, acrescentou.