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Cepea: Nossa principal entrega é a imparcialidade

Por Ana Paula Silva – Responsável por Assuntos instituições do Cepea/Esalq. 

No Cepea, ninguém compra nem vende boi, nem soja, nem milho, nem açúcar ou etanol, nem qualquer outro produto da sua pauta de pesquisa. Ninguém opera no mercado futuro de boi, de milho ou de etanol. Com certeza, o Cepea não dá consultoria para quem opera no mercado futuro de boi.

Ninguém, no Cepea, ganha ou perde quando o preço sobe ou desce. Com o compromisso técnico e ético de elaborar o indicador que liquida os contratos futuros de boi do Brasil por 30 anos, o Cepea sempre agiu com idoneidade, sabendo que não é possível “servir a dois senhores”.

Para tanto, mantém um crivo ético sobre quem financia seus estudos. O Cepea é um centro de pesquisas da Esalq/USP. Reúne professores e demais profissionais que se esforçam para buscar recursos dentro e fora da universidade para empreender pesquisas de alto nível técnico, confiáveis e úteis à sociedade. Seu modelo bem-sucedido, com tal amplitude, é único no ambiente acadêmico nacional.

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A recompensa objetivada pelo Cepea está justamente no cumprimento do seu propósito de oferecer aos mercados e à sociedade informações que ajudem profissionais de todos os elos a ter parâmetros para tomar boas decisões. Contribuir para a transparência dos mercados é nosso objetivo e nossa principal entrega é a imparcialidade. Este propósito claro resulta também em vasta base de dados para consultorias privadas e a própria academia desenvolverem trabalhos aplicados aos mais diversos objetivos. São milhares de dados atualizados diariamente e absorvidos de forma imediata por milhares de pessoas.

À medida que as informações são coletadas com imparcialidade, tratadas com metodologia adequada e divulgadas em meios acessíveis tanto aos grandes quanto aos pequenos agentes, retira-se de alguns poucos o poder de concentrar informações e, por consequência, de ter ações oportunistas sobre os menos informados. Distorções em qualquer etapa deste processo – captação, processamento e divulgação –, podem gerar efeitos tão negativos ou piores do que a falta de informação. Mergulhados nos tantos afazeres da condução de um negócio, é possível que muitos não se deem conta da importância da “informação de confiança”. Mais ainda, embebidos por tantas ações de marketing que misturam produtos à venda com informação imparcial, nem se apercebem do que “consomem”.

Como um centro de pesquisas da Esalq/USP, o foco do Cepea nunca estará no ganho individual de um ou de alguns agentes do mercado. Suas ações são dirigidas para o desenvolvimento dos setores aos quais dedica suas pesquisas. O desenvolvimento de um setor se baseia no avanço de todos os seus elos. Equilíbrio de forças e regras claras (fair play) são necessários para se evitar o “ganho exagerado” de uma parte com consequência do quase aniquilamento da(s) outra(s).

No dia a dia do mercado, quem está verdadeiramente interessado em “desenvolvimento”? Isso valoriza as ações da empresa no curto prazo? Isso paga bônus de final de ano? Em tese, a pauta do “desenvolvimento” é contemplada nas ações de ESG das empresas, principalmente das “grandes”. Porém, é sabido que, na prática, há um certo distanciamento entre os setores que comercializam os produtos de uma empresa, com seus bônus atrelados a resultados anuais, e aquele que, teoricamente, trabalha para tornar a empresa protagonista do desenvolvimento da sociedade da qual participa.

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Os exemplos mais abundantes sinalizam que prevalece o interesse pelo lucro máximo individual e imediato. E sofisticadas estratégias são implementadas para se alcançar este objetivo ano após ano – estratégias que envolvem acesso a informações “diferenciadas”. Informação é poder! Em mercados onde há desequilíbrio das forças – onde o jogo nem sempre é transparente para todas as partes –, a tendência é de que a exclusão de agentes menos competitivos seja mais acentuada. Na pecuária, este quesito é alarmante.

Um estudo da Embrapa Gado de Corte, de 2020, aponta que metade dos pecuaristas atuantes naquele ano pode deixar a atividade até 2040. Como em todos os setores, é preciso incorporar mais tecnologia ao processo produtivo para reduzir custos, mas a receita também tem grande impacto sobre os resultados. Se os preços do boi tiverem distorções para além das esperadas pelo ajuste de oferta e demanda, aí fica bem mais difícil.

Parceiro de confiança

A partir de fevereiro de 2025, o Cepea não será mais o responsável pelo indicador que liquida o mercado futuro de boi gordo no Brasil. Este é um segmento com relativa importância para a pecuária e para o mercado financeiro nacional. É claro que a pecuária brasileira é muito maior. Atento aos desafios desse “setor” que pesquisa há mais de 30 anos, além de elaborar, com esmero diário, o Indicador para o segmento financeiro, o Cepea consolidou sua rede humanizada de colaboradores no mercado físico do boi de Norte a Sul, de Leste a Oeste do Brasil.

São levantamentos contínuos sobre tudo que envolve produção (estrutura das propriedades) e comercialização da pecuária bovina de corte. Todas essas pesquisas continuarão a ser feitas e todos continuarão a ter acesso aos dados e análises imparciais do Cepea. Aos pecuaristas, em especial, disponibilizamos o aplicativo “Boi Cepea” – baixe no seu celular! Em Piracicaba (SP), no campus da Esalq/USP, a pecuária brasileira sempre terá um aliado confiável, com interesse claro no desenvolvimento deste setor tão vibrante.

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