LEIA a coluna do médico veterinário e professor Enrico Ortolani
Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP (ortolani@usp.br)
Certa vez, fui a um congresso e lá palestrou sobre confinamento um luminar pesquisador, reconhecido por seus conhecimentos em produção animal, mas sem embocadura na área veterinária. Entre vários tópicos discorreu sobre abscessos hepáticos (AH). Afirmou de pés juntos que 25% das reses confinadas tinham abscessos hepáticos.
Disse ainda que um certo antibiótico na dieta preveniria muito esse problema. Na mesma hora, uma certa luz amarela acendeu em minha mente. Acompanhei a necrópsia de centenas de bovinos e apenas em alguns deles encontrei os tais abscessos. Esmola demais o santo desconfia!
Propus a um estudante de mestrado analisar o assunto. Para tal, fomos a um grande frigorífico paulista que recebia bovinos de seis Estados (SP, MS, MT, PR, GO e MG), boa parte deles confinados e outros engordados no pasto. Acessamos os dados, do Serviço de Inspeção Federal (SIF), de mais de 1,5 milhão de cabeças abatidas nos últimos cinco anos.