O processo, que está ganhando adeptos no Brasil, é rápido, reduz estresse e, consequentemente, evita perda de peso
Por Denis Cardoso
Já ficou demonstrado que a maneira como os bezerros são desmamados (aos 7-8 meses de idade) tem muito a ver com seu desempenho produtivo no período pós-aleitamento. Estudos científicos mostram que uma ruptura abrupta na relação com as vacas faz com que os animais passem mais tempo vocalizando (berros/choros) e caminhando a esmo, deixando de se alimentar, ruminar e descansar – sem contar os acidentes (lesões e até mesmo mortes) ocasionados pelo rompimento de cercas em tentativas desesperadas de reencontro.
Tal situação de estresse reduz o ganho de peso e afeta a imunidade dos bezerros (tornando-os mais vulneráveis a doenças e parasitas), o que resulta em prejuízos econômicos aos pecuaristas.
Tudo isso pode ser evitado com a adoção de métodos racionais, como a chamada “desmama na remanga”, que está ganhando adeptos no Brasil. Inspirada em um técnica australiana, ela consiste em manter os bezerros recém-desmamados em um piquete pequeno (4 a 10 m² por animal) adjacente ao curral, com direito a alimento de qualidade, água e sombra, além de manejo de acondicionamento (movimentação dos animais, principalmente quando eles estão vocalizando muito junto à cerca), para que se eles esqueçam da ausência das mães, que, em geral, são mantidas à vista. Dentro de três a cinco dias, os bezerros já param de berrar e se mostram tranquilos.
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A “desmama na remanga” foi introduzida no Brasil pela zootecnista Adriane Zart, difusora do Manejo Nada nas Mãos, e tem sido preconizada por Ana Sílvia Pires Soubhia, adepta da mesma técnica e sócia da Viol Assessoria Pecuária, de Bernardino de Campos (SP). “Esse método de desmama é uma mudança simples de manejo, mas ajuda bastante a minimizar uma situação de forte estresse”, ressalta Ana Sílvia, que também é pecuarista, com fazenda de cria em Inocência, no Mato Grosso do Sul.