Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP (ortolani@usp.br)
MOSCA-DOS-CHIFRES INFESTAM REBANHOS
Todo ano é igual nessas regiões. A partir de meados de setembro começa o período de chuvas, que só aumentam em quantidade, atingindo seu pico em janeiro ou fevereiro, dependendo da região.
Com isso cresce bastante a presença de mosca-dos-chifres (Haematobia irritans irritans), que se multiplicam mais e numa velocidade maior quando a pluviosidade for entre 100 a 300 milímetros (mm) por mês.
Para se ter uma ideia, se um ano inteiro só tivesse período seco, existiriam apenas 10 gerações de moscas, mas se em todos os meses chove-se de forma ideal (100-300 mm) existiriam 40 gerações e o número total de mosca seria sete vezes superior. Uma loucura!
Pois, com a chegada das chuvas explodiram a quantidade de mosca-dos-chifres nas bordas leste da região amazônica – Santa Fé do Araguaia e Araguaína (TO), e Buriticupu (MA). Na Região Sudeste, ocorrências em Sorocaba e Presidente Prudente (SP) e Ibia (MG).
Quando a população num animal for superior a 100 moscas já começa a ter um menor ganho de peso, e com 300 o animal deixa de ganhar 100 g por dia; vacas com mais de 120 moscas reduzem a fertilidade em 5%.
O grande problema é como controlar a população das moscas, pois grande parte dos produtos pour on e os brincos mosquicidas têm perdido gradualmente sua eficiência. Novos métodos mais naturais de controle necessitam ser melhor estudados em nosso meio.
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FOCO DE ANAPLAMOSE EM BEZERROS RECÉM-NASCIDOS
Foi descrito em três bezerros Brangus, com três a quatro dias de idade, criados no município de Presidente Prudente (SP), quadro severo de anaplasmose, com aparecimento de febre, apatia, anemia e posterior morte.
Como não havia tempo suficiente desses bezerros contraírem a bactéria por infestação natural de carrapatos, acredita-se que os mesmos tenham se contaminado pela passagem do agente pela placenta, no terço final de gestação.
O gado Brangus tem muito mais facilidade (5x maior) de “pegar” carrapatos que o gado zebuíno puro (Nelore e Guzerá). A prevenção do problema foi por meio do controle dos carrapatos no decorrer da gestação das vacas e com quimioprofilaxia dos bezerros recém-nascidos, para eliminar “na raiz” a bactéria causadora da doença.
SURTO DE COCCIDIOSE EM BEZERROS MINEIROS
Foram acompanhados dois surtos de coccidiose em bezerros com idade entre 35 a 55 dias de idade, o primeiro no município de Sacramento (MG), num rebanho Nelore, e o segundo em Prata (MG), em meio-sangues Nelore-Angus.
No primeiro, 20 dos 51 bezerros tiveram o problema, com a morte de dois deles; enquanto que no segundo 30 dos 72 bezerros, apresentaram o quadro, com quatro mortes. Os animais tiveram disenteria (diarreia com presença de sangue vivo nas fezes), apatia, desidratação, menor ingestão de leite e perda de peso.
Em ambas as propriedades, se observou a presença de recentes chuvas pesadas, que causaram o surgimento de grandes poças d’água estagnada na pastagem em que estava a bezerrada.
É possível que tenha ocorrido contaminação com fezes nessas poças, e que os bezerros tenham contraída a infecção ingerindo água das mesmas. O tratamento medicamentoso adequado e a retirada do lote, para uma pastagem melhor drenada, resolveram o problema.
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