Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP (ortolani@usp.br)
REGISTRO DE DOENÇAS E PARASITOSES RECENTES
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No começo dos anos 1960 fez um sucesso danado uma balada norte-americana, cuja versão foi cantada no Brasil por Demétrius, denominada “No ritmo da Chuva”. Pois, em vários relatos da coluna ao longo deste mês, as infestações seguem a toada do “ritmo da chuva”, como vocês lerão.
INFESTAÇÃO POR CARRAPATOS
Com o aumento das chuvas e da temperatura média, em muitos estados da região sudeste (SP, ES e MG) e no Paraná, foram detectados aumentos na infestação por carrapatos, de no mínimo 30% a 40 % a mais, em gado Angus e outras raças taurinas de corte, mestiços Angus-Nelore e de raças leiteiras.
Nessas condições a umidade do solo se torna muito favorável para a sobrevivência de carrapatas adultas (“jabuticabas”) , dos ovos e larvas que começaram a infestar para valer os bovinos.
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Quem fez tratamento estratégico com carrapaticidas nos meses de baixa infestação (já informado em colunas prévias) colhe agora os bons resultados de pequeno ataque por carrapatos.
Para o tratamento de bovinos muito “carrapatados” consulte seu veterinário, que fará a medicação de acordo com o princípio ativo que melhor atua em sua propriedade.
INFESTAÇÃO POR MOSCA-DOS-ESTÁBULOS EM SP E SUL DO PARÁ
Embora a temporada de chuvas e de calor facilitem a multiplicação da mosca-dos-estábulos, é fundamental para sua reprodução a presença de locais (substratos) que favoreçam o crescimento e a alimentação das larvas, como acúmulo de resíduos orgânicos de origem animal ou vegetal.
Segundo apuramos, há relatos de um ataque massivo dessas moscas nos municípios paulistas de Morro Agudo, ligado a fertilização de lavouras de cana-de-açúcar com vinhoto ou vinhaça (também chamado de “garapão”) vizinhas às criações; e em Santa Cruz do Rio Pardo, ligado a compostagem de palhada de café e fezes bovinas.
No sul do Pará (Xinguara e Santana do Araguaia) está ligado a introdução de gado em pastagens subutilizadas em que correu acúmulo de palhada.
O controle dessa infestação não é tão fácil como se pensa, principalmente em pastagens subutilizadas. Quanto a compostagem de café+ fezes bovinas, recomenda-se a cobertura completa das pilhas com lona plástica, por 40 dias, para evitar a postura de ovos pelas moscas.
No caso do uso de vinhoto nas culturas de cana, o controle é mais complicado e depende do manejo deste líquido nas fazendas de plantação ou usinas de cana. Em pequenas propriedades sugere-se colocação, pela manhã ou entardecer, de várias armadilhas (foto abaixo) contendo inseticida ou cola entomológica, 20 metros entre si, próximo ao piquete.
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