Os frutos do mar – tanto selvagens quanto cultivados – ultrapassarão o frango como o principal contribuinte para o crescimento do fornecimento global de proteínas em 2025, sugere um novo relatório emitido pelo Rabobank, segundo informa reportagem publicada nesta sexta-feira (24/1) pelo www.beefcentral.com.
Ao mesmo tempo, a produção global de carne bovina apresentará crescimento negativo este ano, afirma o artigo (veja tabela).
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O relatório do banco de origem holandesa sugere que, tanto os frutos do mar capturados na natureza quanto a produção em viveiro, excederão o crescimento da avicultura globalmente neste ano.
Por sua vez, diz o texto, a produção mundial de carne suína permanecerá praticamente inalterada pelo segundo ano consecutivo.
“Embora a demanda por proteínas permaneça vulnerável a flutuações macroeconômicas e mudanças políticas, os frutos do mar estão prestes a ultrapassar as aves como o principal contribuinte para o crescimento do fornecimento global de proteínas”, reforça o analista sênior de proteínas da Rabobank, Angus Gidley-Baird.
“Em 2025, as condições econômicas, a geopolítica e a disponibilidade de fornecimento influenciarão significativamente os mercados globais de proteína animal”, acrescenta ele.
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Gidley-Baird afirma que a produção em muitas regiões atingirá um ponto de virada, com a aquicultura e a captura selvagem liderando o crescimento.
“O ano de 2025 marca um momento crucial para a produção em várias regiões”, detalha o analista do Rabobank, acrescentando: “A oferta geral deve crescer um pouco mais rápido do que em 2024, impulsionada pela aquicultura, frutos do mar capturados na natureza e aves”.
Espera-se que frutos do mar e carne suína passem da contração, em 2024, para o crescimento, em 2025, enquanto a carne bovina passe do crescimento para a contração (considerando a mesma base de comparação), remodelando a dinâmica do mercado e as cadeias de suprimentos, ressalta o estudo.
O relatório do Rabobank afirma que a aquicultura e a captura selvagem devem crescer 2,3% em 2025, recuperando-se de um declínio de 0,3% em 2024.
Por sua vez, a avicultura continuará seu crescimento constante, enquanto a produção de carne bovina diminuirá devido às contrações em grandes regiões além da Austrália.
A produção de carne suína aumentará marginalmente (0,1%) após um crescimento significativo entre 2021 a 2023, reflexo da recuperação dos rebanhos após a proliferação da peste suína africana.
Gidley-Baird observou que o crescimento na produção de espécies terrestres desacelerará na maioria das regiões, com o Brasil experimentando uma contração de 1%.
“A China verá um pequeno aumento em 2025, após o crescimento negativo em 2024. A Oceania manterá a produção estável, enquanto a União Europeia-Reino Unido, a América do Norte e o Sudeste Asiático enfrentarão um crescimento mais lento do que em 2024”, diz ele.
Segundo o especialista do Rabobank, a política governamental e a macroeconomia moldarão a demanda e o acesso à oferta. “À medida que a economia global se esforça para se recuperar, mudanças políticas previstas por novos governos podem introduzir medidas protecionistas, levando a tarifas e maiores custos comerciais”, afirma.
Conflitos militares, diz a publicação, podem interromper ainda mais o transporte e o frete, impactando o comércio global e aumentando a volatilidade do mercado.
“Embora as pressões inflacionárias tenham diminuído, decisões políticas podem reverter essa tendência, potencialmente enfraquecendo a demanda do consumidor se as rendas não aumentarem de acordo”, observa o estudo.
Contrastes da Austrália
Em contraste com outras partes do mundo onde a produção de carne bovina está diminuindo, na Austrália, o Rabobank espera que a oferta da proteína permaneça estável em 2025, em comparação com o desempenho em 2024.
Segundo o banco, em 2025, os números de produção e abate da Austrália devem ser “muito semelhantes aos do ano passado e, como resultado, as exportações podem permanecer em níveis altos”.
“O gado australiano em engorda atingiu um recorde de 1,4 milhões de cabeças no terceiro trimestre do ano passado”, diz o analista Gidley-Baird.
No entanto, continua ele, 2025 poderá registrar um maior investimento em programas de engorda mais curtos, o que resultará no aumento da quantidade de carne bovina alimentada com grãos, mas, ao mesmo tempo, reduzirá as características de marmoreio da carne”.
Os maiores estoques de gado australiano provavelmente aumentarão as exportações de gado vivo em 2025, aponta o relatório. Gidley-Baird diz que, embora os preços do gado australiano tenham saído das mínimas de 2023, eles permaneceram relativamente limitados durante a maior parte de 2024.
“Condições sazonais favoráveis em 2025 dariam suporte aos preços do gado, com mercados globais mais fortes impulsionando o potencial de alta”, afirma o analista.
Fonte: Beef Central/Rabobank