A Integração Lavoura Pecuária (ILP) e a com Floresta (ILPF) têm se mostrado estratégias cada vez mais difundidas entre agricultores que querem diversificar os produtos da fazenda, realizando o “boi safrinha”, e pecuaristas que precisam produzir cada vez mais, por meio da reforma de pastagens.
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Contudo, a integração requer ações que demandam conhecimento técnico que variam caso a caso, quando se trata de uma propriedade de pecuária.
Tudo precisa ser muito bem planejado para que o tiro não saia pela culatra. É o que atenta Gladys Beatriz Martinez, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA).
Desde 2010, a cientista desenvolve atividades em diversos projetos de ILPF com pesquisa e transferência de tecnologia.
Mais recentemente, partiu também para Bem-Estar Animal em sistemas integrados de produção agropecuária. Segundo ela, “mesmo com as dificuldades, vale muito integrar”.
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Atenção para as questões internas – Cercado por profissionais que detenham todo o conhecimento necessário, o produtor precisa olhar para alguns fatores dentro da fazenda, antes de fechar um planejamento de toda a implantação. Assim grandes surpresas ficarão de fora da jornada.
1. Conhecendo o solo disponível – É bem possível que haja várias manchas de solos diferentes na fazenda. Deve-se realizar análises de cada uma delas, de modo a desenhar um cenário das reais características físicas, químicas e orgânicas.
Elas vão revelar a fertilidade e os níveis de degradação, definindo as ações de descompactação e adubação, por exemplo. Essa é a hora, também, de investir na formação de curvas de nível em áreas de declive ou acúmulo de água. O procedimento vai impedir que chuvas torrenciais levem todo o trabalho realizado, por meio de erosão.
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2. A escolha dos grãos – As considerações são as mesmas de qualquer agricultor. Quais as culturas mais adequadas para o ambiente, solos da fazenda, disponibilidade de água, tempo de cultivo, infraestrutura maquinária e destino da produção?
Milho e sorgo, entre outros, podem servir para oferecer silagem aos animais ou mesmo apoiar um confinamento. Antes do retorno das pastagens, pode ser preciso algumas safras até que o solo volte a ser plenamente produtivo.
3. O gado que se cria – Se os animais são leiteiros, a exigência por sombra é bem maior, o que pede certa disposição de árvores (lado floresta da integração). Se forem animais de corte, mesmo que zebuínos – hoje se sabe que maior conforto térmico incrementa os índices reprodutivos do rebanho, assim como seu desenvolvimento e velocidade de ganho de peso.
4. As árvores que se quer – De acordo com os objetivos, as árvores poderão estar dispostas em linhas, nas cercas dividindo piquetes, nas áreas de cocho e bebedouro, ou ainda em locais mais remotos. Na definição da melhor espécie de árvore a ser cultivada, o produtor deve escolher pela destinação (comércio de madeira, cercamento etc). Certo é que as plantas devem crescer rapidamente para o sistema funcionar, com maior ou menor copa, segundo o interesse do projeto.
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