A guerra no leste europeu, que já dura exatas quatro semanas, pode pesar ainda mais nos custos dos pecuaristas aqui no Brasil.
O milho está mais uma vez no cerne das altas de custos da produção pecuária, assim como no ano passado por conta da quebra da safra nacional. Só que desta vez, é a dúvida da produção da Ucrânia que pode sinalizar ainda mais altas sobre o preço do grão.
“Realmente não se sabe e o que vai acontecer. A janela de plantio da Ucrânia começa agora em abril e maio, período no qual eles costumam fazer o plantio de milho. São 42 milhões de toneladas que estão em jogo. Pelo menos é a referência do último ciclo, então, é um ponto que pode influenciar o mercado e, sem dúvida, o mundo está de olho nisso”, diz o médico veterinário Hyberville Neto, analista de commodities agropecuárias da XP Investimentos.
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Ele foi o convidado do DBO Entrevista, que foi ao ar na segunda-feira, 21/3, para debater as incertezas nos custos da produção de boi no Brasil (confira o link para assistir na íntegra o programa no final do texto).
Produção de milho no mundo
O mais recente relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda, na sigla em inglês), divulgado no início de março, aponta uma estimativa de produção de 1,2 bilhões de toneladas de milho no mundo. A Ucrânia é o 6º maior produtor e responderia por 3,5%, com 41,9 milhões de toneladas.
Em primeiro lugar vem os Estados Unidos, com uma produção de 383,94 milhões de toneladas, respondendo por 31,8% da safra de milho no mundo.
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Em sequência vem a China, com 272,55 milhões de toneladas (22,6%); o Brasil, com 114,00 milhões de toneladas (9,5%); a União Europeia, com 69,80 milhões de toneladas (5,8%); e a Argentina, com 53,00 milhões de toneladas (4,4%).
O sobe e desce nos custos
“Tivemos uma elevação de custos generalizada e eu acredito que o custo que a gente possa dizer que não subiu foi basicamente os animais de reposição, que, por sua vez, é o principal componente de custo de uma fazenda que não produz a sua reposição”, diz Hyberville.
Além das altas do milho, do farelo de soja, e dos combustíveis, a suplementação animal e a mão de obra estão deixando as contas de produtor cada vez mais apertadas, segundo o especialista de mercado.
A suplementação está ficando mais cara por conta do fósforo, que é um composto importado. Sobre a mão de obra, é a inflação que passa a pesar também por conta de reajustes sobre o salário mínimo.
Intensificação
A melhor saída para o pecuarista num momento como esse é aproveitar ao máximo as oportunidades de mercado e fazer o uso dos recursos da melhor maneira possível, segundo Hyberville.
“Quanto mais intensivo é o sistema, mais ele está sendo impactado. Isso não quer dizer que não é para produzir mais, não quer dizer estacionar a produtividade, de forma alguma. É sempre intensificar no sentido de fazer aquela sua pecuária da melhor forma possível. Otimizar o uso dos seus recursos. Otimizar o uso dessa área e trabalhar na melhor forma possível, às vezes, com um ajuste de manejo. É algo que vai gerar um benefício muito importante”, avalia o analista.
Confira na íntegra o programa: