O enfraquecimento na economia do Japão fez reduzir drasticamente o consumo local de carne bovina de alta qualidade, a famosa “carne de Wagyu”, informa reportagem publicada pelo portal australiano beefcentral.com.
Refletindo as difíceis condições econômicas atuais no Japão, os preços no atacado da carne bovina Wagyu produzida internamente caíram para as mínimas dos últimos quatro anos, atingindo níveis não vistos desde o auge da era da COVID-19, acrescenta a reportagem.
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“Os preços da carne bovina Wagyu no atacado no Japão estão agora em patamares não vistos desde junho de 2020, devido aos gastos cautelosos dos consumidores causados pela alta inflação, aumento das taxas de juros e altas nos preços de energia, além de questões políticas e desafios na cadeia de suprimentos”, ressalta o texto.
Paralelamente, favorecido pela desvalorização significativa do iene japonês, as exportações de carne bovina Wagyu do Japão aumentaram 11% no primeiro semestre de 2024, para 4.172 toneladas, um recorde histórico para o período de seis meses, relata a matéria da Beef Central.
Hoje, a moeda japonesa vale 145 ienes para um dólar norte-americano, abaixo dos mais de 160 ienes visto em julho/24 – tornando, assim, as exportações de commodities mais atraentes.
Em meio à demanda estagnada por carne bovina Wagyu no Japão, novas unidades de processamento dedicadas à exportação estão sendo construídas em várias partes do país.
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Entre os importantes clientes que seguem aumentando a procura pela iguaria japonesa estão os países europeus e os Estados Unidos, além de mercados asiáticos como Taiwan e Hong Kong.
“Com os matadouros sendo cada vez mais construídos com as exportações em mente, eles geralmente atendem aos requisitos de higiene, entre outros critérios definidos pelos países e regiões compradoras”, ressaltou reportagem publicada pela imprensa financeira japonesa
Em julho/24, 70 unidades de processamento de carne bovina japonesas foram certificadas por autoridades estrangeiras, um aumento de 75% em relação às 40 plantas registradas em julho do ano passado.
A inflação em Tóquio ganhou velocidade em agosto/24, resultando no aumento das taxas de juros no país. Enquanto alguns indicadores sugerem que a economia do Japão está começando a se recuperar, a taxa de crescimento é lenta, disseram comentaristas econômicos.
A frustração com o aumento do custo de vida foi um fator que pesou persistentemente nos índices de aprovação do Primeiro-Ministro Fumio Kishida, que decidiu no início deste mês renunciar.
Um artigo da semana passada da imprensa local disse que, como os preços domésticos da carne Wagyu não mostram sinais de recuperação, os produtores locais estão sob pressão. Enquanto isso, alguns supermercados pararam de vender completamente cortes da iguaria.
O preço médio de atacado da carcaça bovina Wagyu A5, de classificação mais alta, chegou a 2.377 ienes (US$ 16,13) por kg no mercado de Tóquio em julho/24, uma queda de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com a Associação de Atacadistas do Mercado de Carne do Japão.
Foi a quinta queda mensal consecutiva da proteína e, como já mencionado neste texto, atingiu o menor nível em quatro anos.
“Os preços do Wagyu doméstico estão caindo novamente devido principalmente à fraca demanda, mas esses valores ainda estão altos para a maioria dos consumidores japoneses”, relatou a imprensa local.
Com isso, a carne bovina produzida internamente, de menor custo, proveniente de cruzamentos de raças leiteiras ou de vacas que não são mais utilizadas na produção de leite, são alternativas mais populares no atual ambiente de consumo.
Produção sobe
Apesar da fraca demanda, a produção de carne bovina Wagyu no Japão continuou crescendo. Em junho/24, o volume de gado Wagyu abatido aumentou por 18 meses consecutivos (considerando a comparação anual), para 41.679 cabeças, com alta de 3%, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca do Japão.
