Os danos causados ao solo e ao Rio Paraopeba, depois do trágico acidente de Brumadinho com o rompimento da barragem Córrego do Feijão, mobilizaram desde o primeiro instante as Secretarias de Estado da Saúde, do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais. A preocupação essencial é com a lama que contaminou a área de Brumadinho e que contém alta concentração de metais, como níquel, chumbo e cádmio.
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A busca de alternativas para ajudar no processo de recuperação socioeconômica e ambiental da região é o uso da técnica de fitorremediação. Do que se trata?
É uma tecnologia que utiliza plantas para limpar locais contaminados. As plantas auxiliam na remoção de metais contaminantes e até óleos do ambiente ou local deteriorado. Uma vez que as plantas removem estes contaminantes do ambiente, elas ajudam para que eles não sejam transportados pelo vento e pela chuva, evitando a dispersão do poluente para outras áreas.
A fitorremediação é estudada no Brasil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul há mais de uma década. E existem caminhos que poderiam ser adotados para realizar a descontaminação do solo, segundo o pesquisador da UFRGS, Marcelo Gravina, doutor em Fitopatologia, especialista na área de biologia molecular vegetal e membro do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
A alternativa mais rápida, entre as apontadas por ele, é a utilização, na área contaminada, de plantas transgênicas modificadas para acumularem de maneira ainda mais eficiente os resíduos. Nesse caso, se os vegetais já estiverem disponíveis, seria possível descontaminar a área em menos de 10 anos.
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O pesquisador, contudo, alerta: no caso do uso de plantas acumuladoras de metais, transgênicas ou não, seria indispensável que as espécies não tivessem partes comestíveis afim de evitar que animais e a população se alimentassem delas e, desse modo, se contaminassem. Ao mesmo tempo, é importante que essas plantas possam permitir alguma atividade econômica para dar às famílias da região uma garantia economicamente viável de sobrevivência.
Segundo o doutor Gravina, as técnicas de engenharia genética hoje já permitem, por exemplo, identificar genes responsáveis por características de acumulação de metais. Um exemplo seria a sequência de DNA do tomate. “Esses genes, transferidos e superexpressados em plantas como a mamona ou o eucalipto, poderiam limpar a área e, simultaneamente, oferecer à população uma alternativa de sustento, por meio do óleo da mamona ou da madeira do eucalipto.”, conclui o pesquisador.