Para a maior parte dos especialistas de mercado, a pecuária bovina vive novo ciclo de baixa, demarcado por um fenômeno comum a esse período. Tradicionalmente, “no 1º semestre, sempre há uma maior taxa de abate de fêmeas, em função do descarte decorrente da estação de monta (fêmeas que não emprenharam)”.
“No 2º semestre, porém, só se mantém um percentual alto de fêmeas no gancho, quando os demais produtos não atendem as necessidades de caixa”. A explicação é de Alcides Torres, diretor da Scot consultoria e grande autoridade no assunto.
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Para ele, essa ocorrência no semestre que se encerra é suficiente para anunciar a chegada de um novo ciclo, o de baixa.
“O que o mercado de reposição sinalizava há algum tempo com cotações até 35% menores do que as registradas em 2020 e 2021, chegou até a arroba do boi gordo, caindo por meses sucessivos e estabilizando apenas nos últimos dias, em um patamar preocupante”, explica.
Ciclos de alta e baixa vêm se tornando cada vez mais curtos, em função de maior suscetibilidade às interferências externas, a exemplo de outras commodities. “Um crescimento na demanda externa e uma pequena reação no consumo de carne bovina dos brasileiros pode reverter a tendência de baixa dos preços ou mesmo romper a estabilidade para o positivo”, diz Torres.
Por isso, ele acredita em reviravolta nas cotações do bezerro ainda em 2023, o que “indicaria à toda a cadeia produtiva da carne vermelha a passagem pelo fim do poço”.
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OUÇA 🎧 o comentário de Alcides Torres, na íntegra
Lourenço Miguel Campo, pecuarista, produtor de genética e um dos empresários da comercialização de animais mais influentes do país, entende a chegada do novo ciclo da mesma forma.
Como ele já acompanhou muitas delas, por época do bezerro com 70% de ágio, no ano passado, ele só vislumbrava a “ressaca” que viria depois, quando o mercado voltasse à normalidade, em função do equilíbrio da lei entre oferta e procura de produtos, no caso a proteína vermelha.
Para Campo, há certa gordura ainda para se queimar, aquela acumulada no pico do ciclo de alta, anterior. “Quem não a reservou, agora tem de torcer para que a tendência de ciclos mais curtos de mantenha e logo os preços voltem a reagir”, ressalta o presidente do Sindicato Nacional dos Leiloeiros Rurais (SNLR).
OUÇA 🎧 o comentário de Lourenço Campo, na íntegra