Especialistas de vários setores da bovinocultura de corte são unânimes e categóricos ao afirmarem: o pecuarista precisa ser, antes de qualquer coisa, um agricultor de capim.
E como a atividade pede cada dia mais produtividade e sustentabilidade, “quem não se tornar” pode ficar de fora.
Por diversos motivos, pastagens cultivadas no Brasil ainda é um tabu. Certo é que “sem planejamento e conhecimento adequados, as coisas podem se complicar muito. Mas não se trata de um bicho de sete cabeças”.
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É o que nos traz Alexandre Campo Gonçalves, engenheiro agrônomo formado pela Esalq/USP e diretor da Alecrim Consultoria.
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1. Cercar-se sempre de bons profissionais para apoiá-lo no planejamento, tomada de decisões e execução do trabalho, no dia a dia.
2. Realizar um diagnóstico da propriedade como um todo. Verificar onde você está, sua localidade, região, relevo, clima, oferta de mão de obra e sua equipe, espécie animal com que vai trabalhar, etc.
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3. Fazer análise ou análises (pode haver variedade na fazenda) de solo, principalmente para avaliar seus aspectos físicos e químicos.
4. Fazer um desenho do sistema que se quer, combinando o que foi levantado no diagnóstico da propriedade com os objetivos de criação, a espécie animal envolvida e a forrageira escolhida. Isso permitirá conhecer como o sistema será operado.
5. Montar um planejamento estratégico sobre o desenho do sistema, respondendo, por exemplo, como serão realizadas as ações, em quais modelos: se serão tratadas áreas para pastejo, exclusivamente; se para integração lavoura pecuária (ILP), pecuária floresta (IPF) ou lavoura pecuária floresta (ILPF).
6. Definir a espécie animal e raças que melhor se acomodem e respondam às condições ambientais oferecidas. Se você dependerá de reposição é importante ficar atento à oferta no mercado da sua região.
7. Escolher a planta forrageira vem em seguida e deve acontecer considerando as características dos animais em trabalho, definidos no passo anterior.
8. O próximo passo é definir como se dará o pastejo. Ele pode ser rotacionado, contínuo ou alternado. Certo é que quanto mais caminhar para um modelo rotacionado – giro por vários piquetes – mais será possível caminhar para um desfolhamento e manejos eficientes. Contudo, com manejo adequado, o pastejo contínuo também pode ser considerado.
9. Casada com as ações do próximo passo, o solo deverá receber seu trato para oferecer nutrientes ao capim, com as devidas correções, por exemplo, de acidez. A partir desse momento devem estar traçadas outras correções e reposições de nutrientes, durante sua vida produtiva.
10. Então chegou a hora de olhar para o capim. É o momento de recuperar ou reformar pastagem, principalmente se a forrageira for substituída. Há todo um protocolo de ações, dependendo das sementes, ferramentas de plantio e variedade da planta.
11. O passo seguinte é definir a desfolhação. Qual a melhor altura para entrar com os animais e qual a de retirá-los? Isso precisa ser definido como manejo para assegurar a longevidade da pastagem e o melhor rendimento do rebanho.
12. Depois é estabelecer a manejo integrado de pragas e doenças do pasto. Embora haja ambientes muito propícios ao desenvolvimento vegetal no Brasil. Os problemas são muitos e variáveis, como cupim e cigarrinha, dependendo da região do país. Deve-se monitorar com efetividade de modo que as ações sejam oportunas para a melhor produtividade do sistema.
13. Em seguida é hora de traçar um plano de suplementação aos animais: uma mineralização simples, proteinada, proteinada energética, creep feeding etc. A estratégia é fundamental para fornecer ao gado aquilo que o capim não produz, principalmente no período da seca. Uma alternativa ao fornecimento de suplementação mais robusta é a redução da lotação animal.
14. Estabelecer um monitoramento de todo o sistema produtivo de modo que se possa identificar onde funciona ou não, em cada uma das engrenagens, permitindo tomada de decisões e reorientação.
15. O último passo é estabelecer o monitoramento das finanças da propriedade. Está dando dinheiro? O resultado financeiro está compatível com a atividade? O faturamento está dentro do previsto pelo planejamento inicial? Se a resposta for sim, ótimo! Se não, refaça tudo e descubra o que deu errado.
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