Em análise para o Anuário DBO, Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro, fala que existe muita confusão envolvendo as estatísticas do rebanho brasileiro, o que gera diversos problemas para a pecuária
Maurício Palma Nogueira, engenheiro agrônomo e diretor da consultoria Athenagro.
Por Maurício Palma Nogueira – Engenheiro agrônomo, diretor da consultoria Athenagro, de São Paulo, e coordenador do Rally da Pecuária.
Há muita confusão envolvendo as estatísticas do rebanho brasileiro. Em 2017, o IBGE contabilizou 172,7 milhões de cabeças através do Censo Agropecuário. No mesmo ano, a Pesquisa Pecuária Municipal, também do IBGE, divulgava um rebanho de 215 milhões de cabeças. A última atualização dos dados do USDA indicava que o rebanho brasileiro atingiria 275 milhões de cabeças em 2022, contribuindo ainda mais para a salada de informações desencontradas sobre o rebanho.
O rebanho superestimado gera diversos problemas para a pecuária. O primeiro deles envolve o impacto negativo nas políticas públicas e ações que podem ser elaboradas no campo, seja na prevenção de problemas de ordem sanitária, seja na elaboração de programas de financiamento visando à melhoria das condições do produtor e, consequentemente, da produção.
Por exemplo, se há alguns anos houvesse consenso de que a oferta de animais para abate seria insuficiente para atender à demanda, políticas de estímulo poderiam ter sido criadas com foco na produção de bezerros, evitando a alta nos preços de carne ao consumidor entre os anos de 2020 e 2021.
Como diagnosticar que o problema será falta de animais, acreditando no rebanho entre 215 e 220 milhões de cabeças em um país que abate 40 milhões de animais, dos quais apenas cerca de 30 milhões aparecem nas estatísticas oficiais?
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Há muita confusão envolvendo as estatísticas do rebanho brasileiro. Em 2017, o IBGE contabilizou 172,7 milhões de cabeças através do Censo Agropecuário. No mesmo ano, a Pesquisa Pecuária Municipal, também do IBGE, divulgava um rebanho de 215 milhões de cabeças. A última atualização dos dados do USDA indicava que o rebanho brasileiro atingiria 275 milhões de cabeças em 2022, contribuindo ainda mais para a salada de informações desencontradas sobre o rebanho.
O rebanho superestimado gera diversos problemas para a pecuária. O primeiro deles envolve o impacto negativo nas políticas públicas e ações que podem ser elaboradas no campo, seja na prevenção de problemas de ordem sanitária, seja na elaboração de programas de financiamento visando à melhoria das condições do produtor e, consequentemente, da produção.
Por exemplo, se há alguns anos houvesse consenso de que a oferta de animais para abate seria insuficiente para atender à demanda, políticas de estímulo poderiam ter sido criadas com foco na produção de bezerros, evitando a alta nos preços de carne ao consumidor entre os anos de 2020 e 2021.
Como diagnosticar que o problema será falta de animais, acreditando no rebanho entre 215 e 220 milhões de cabeças em um país que abate 40 milhões de animais, dos quais apenas cerca de 30 milhões aparecem nas estatísticas oficiais?
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Por enquanto, os estoques de proteína seguem altos no atacado, e os preços dos animais terminados andam de lado, apesar do alívio na pressão de baixa imposta pelos frigoríficos
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