A pecuária de corte dos Estados Unidos vive um momento diferente de outros gigantes no mercado de proteína bovina, relata a Agrifatto, referindo-se sobretudo ao cenário de preços do boi gordo no Brasil e na Austrália.
Segundo a consultoria, a diferença entre os preços do boi gordo norte-americano e dos dois países citados acima encontram-se em níveis elevados.
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Na parcial de fevereiro/24, em dólar, o valor do boi gordo dos EUA, diz a Agrifatto, está 112,4% acima da cotação do boi brasileiro, o quinto maior nível desde 2018.
Por sua vez, na Austrália, o boi gordo está 77,4% mais alto em comparação com o valor atual do animal norte-americano.
Na avaliação da Agrifatto, a maior competividade da carne bovina brasileira favorece a entrada do produto no próprio mercado norte-americano, hoje o segundo principal parceiro do Brasil no comércio internacional da proteína.
Analistas da Agrifatto lembram que os estoques de carne bovina nos EUA estão cada vez menores. Em dezembro/23, haviam 220 mil toneladas nos estoques norte-americanos, um recuo de 10,81% sobre o volume observado em dezembro/22.
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De acordo com os dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unido), os norte-americanos fecharam 2023 com uma produção de 12,29 milhões de toneladas, 599 mil toneladas a menos que em 2022 e a menor produção desde 2017.
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“Com este cenário de menor produção, os preços da carne bovina atingiram patamares recordes nos EUA”, afirma a Agrifatto.
Na parcial de fevereiro, informa a consultoria, o valor da proteína norte-americana registra valorização de 3,69% sobre janeiro/24, podendo atingir sua máxima nas próxima semanas. Em 2023, a arroba do boi gordo norte-americano teve valorização de 7,82%, acrescenta a Agrifatto.
Pelos dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), na parcial de fevereiro/24 (até 23/2), o preço do boi gordo em São Paulo sofreu redução de 5,42% sobre janeiro/24 e ficou em US$ 48,05/@ (até 23/02), enquanto a arroba no Mato Grosso recuou 0,68% no mesmo comparativo e foi negociada a US$ 41,76.
Por sua vez, os valores do boi gordo na Argentina e no Uruguai registraram, respectivamente, queda de 14,56% e 3,19% na parcial de fevereiro/24, e fecharam em US$ 46,09/@ e US$ 51,98/@, na mesma ordem.
“Já os EUA têm passado por uma forte redução na oferta, a perspectiva é que atinjam o menor rebanho bovino da história, o que tem favorecido as cotações do boi gordo no país”, reforça o Imea.
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Assim, na parcial de feveiro/24, o preço do boi gordo norte-americano fechou em US$ 105,58/@, de acordo com os dados apurados pelo Imea. “Dessa forma, o recuo na produção de carne nos EUA e a alta na cotação pode se tornar uma oportunidade para o Brasil no âmbito externo”, ressaltam os analistas do instituto.
Quadro de oferta nos EUA – Segundo a Agrifatto, a expectativa do USDA para 2024 é de mais uma nova redução na produção, dessa vez com uma queda anual de 391 mil toneladas sobre 2023, chegando a um total de 11,90 milhões de toneladas, o que seria a menor oferta desde 2016.
Com a menor produção, após uma queda de 15% em 2023, as exportações norte-americanas devem diminuir em 7,6% em 2024, de acordo com as estimavas do USDA.
Enquanto isso, as importações do país estão em ascensão, com uma previsão de aumento de 1,7% neste ano, após um crescimento de 9,4% em 2023, relata a Agrifatto.
PREÇO DA ARROBA EM DÓLAR NOS PRINCIPAIS PAÍSES*
São Paulo – US$ 48,05/@
Mato Grosso – US$ 41,76/@
Argentina – US$ 46,09/@
Uruguai – US$ 51,98/@
EUA – US$ 105,58/@
Cotações parcial de fev/24 (até 23/02).
Fonte: Imea/Cepea.