Os negócios no mercado brasileiro de animais para reposição seguiram em ritmo morno ao longo desta semana, refletindo a queda de braço entre vendedores e compradores, segundo informam as consultorias que acompanham diariamente o setor pecuário.
“Embora a oferta de animais tenha aumentado nos últimos dias, os criadores estão resistentes nas negociações, já que ainda conseguem segurar os animais no pasto, à espera de pagamentos melhores”, diz a zootecnista Thayná Drugowick, analista da Scot Consultoria.
No comparativo semanal, considerando a média de todos os Estados monitorados pela Scot, entre machos e fêmeas anelorados, houve uma ligeira queda 0,6% nos preços dos animais para reposição.
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Segundo a analista da Scot, a melhor oferta de fêmeas fez com que elas puxassem a pressão de baixa, recuando 0,8% na média de todos os Estados monitorados, frente à queda de 0,5% para os machos, considerando a mesma base de comparação.
Ainda de acordo com a Scot, nos últimos 30 dias, a arroba do boi gordo teve valorização de 1,2%, enquanto, no mesmo período, as referências para reposição registraram queda de 0,9% na média de todas as categorias.
“Essa conjuntura melhorou a relação de troca em 2,1% na média de todas as categorias de machos”, informa Thayná.
Para quem vende o boi gordo de 19@ e compra o bezerro de ano (12 meses de idade), a troca hoje está em 1,94, enquanto em fevereiro girava em 1,88 – uma melhora de 2,9% no poder de compra.
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Em linha com as informações repassadas pela Scot, a consultoria IHS Markit também registrou baixa liquidez no mercado de gado para reposição nesta semana.
Porém, diz a IHS, alguns agentes chegaram a mostrar uma participação aparentemente mais ativa nos negócios no período, sobretudo para categorias mais pesadas.
“A valorização acumulada na arroba da boiada gorda e as recentes quedas nos preços do gado jovem favorecem a relação de troca para recriadores e invernistas”, destaca a IHS.
O clima chuvoso registrado em algumas regiões brasileiras também gera estímulos para novos negócios no mercado de reposição, já que que a massa verde nos pastos se mostra bem volumosa este ano, relata a IHS.
Porém, ressalta a consultoria, as comercializações seguem cadenciadas, já que existe uma clara preocupação com os avanços nos gastos com alimentação animal neste fim da estação das águas.
Segundo a IHS, no interior paulista, categorias mais leves seguem operando com preços fragilizados, em função da fraca procura. “Há relatos de negócios com bezerros bem abaixo de R$ 2.800/cabeça no mercado paulista”, informa a IHS.
Em Minas Gerais, o mercado segue pressionado para boiada mais leve, mas com firmeza nos preços para lotes mais pesados, com mais de 10 arrobas, relata a consultoria.
No Centro-Oeste, o ambiente de negócios também é de morosidade.
Em Mato Grosso do Sul, assim como em Goiás e Mato Grosso, lotes de garrotes e novilhas mais pesados ainda possuem preferência nas negociações, chegando, inclusive, a esboçar maior firmeza nas cotações.
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Por sua vez, com a maior disponibilidade de bezerrada, os preços da boiada jovem seguem fragilizados, observa a IHS.
Entre os Estados da região Norte, a oferta de fêmeas segue elevada, mas a procura por novilhas para engorda deu suporte aos preços locais. Mesmo assim, o fluxo de negócios é inconsistente na região, informa a IHS.
Na praça de Tocantins, o mercado deu sinais de boa liquidez apenas para operações com prazos mais estendidos de pagamento, segundo apurou a consultoria.