Os preços do boi gordo seguem sendo pressionados para baixo no mercado físico, movimento que também contaminou o mercado futuro, cujos contratos na B3 atingiram as mínimas do ano, informa a Agrifatto.
Em São Paulo, o animal pronto para o abate é cotado a R$ 225,70/@, segundo apurou a Agrifato.
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Na B3, a quinta-feira (10/8) foi marcada por renovação de mínimas, com o vencimento para outubro/23 (pico da entressafra) cotado em R$ 218,55/@, uma desvalorização diária de 2,41%, acrescenta a consultoria.
“A aproximação da segunda quinzena de agosto/23 (período de menor renda entre os consumidores, devido ao maior distanciamento do pagamento dos salários) resultou em menor fluxo de vendas no atacado”, relata a Agrifatto, que destaca a contração da demanda doméstica pela carne bovina como um dos principais fatores para o enfraquecimento nas cotações da arroba do boi gordo.
Como as mercadorias disponibilizadas hoje serão consumidas no período de menor consumo (segunda quinzena de agosto/23), houve retração nos preços dos produtos com ossos, apurou a consultoria. A carcaça casada do boi castrado voltou para a faixa dos R$ 15/kg em São Paulo, com recuo de 3,2%.
Na avaliação do zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, a perspectiva é de que a pressão baixista persista ao longo de agosto.
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“Em plena entressafra, o mercado do boi gordo segue largado”, relata Fabbri. No Estado de São Paulo, os preços da arroba caíram pela segunda semana consecutiva, observa o analista da Scot.
Neste momento, de acordo com os dados da Fabbri, o boi gordo que atende ao mercado interno (sem prêmio-exportação) é negociado em R$ 225/@, enquanto o “boi-China” (abatido mais jovem, com até 30 meses) é vendido por R$ 230/@ – um ágio de R$5,00/@.
“O preço vigente do boi gordo atingiu a mínima desde julho de 2020; há testes abaixo da referência e a possibilidade de romper este patamar não está descartada”, alerta Fabbri.
O analista da Scot aponta alguns fatores que contribuem para o ambiente de baixa no mercado do boi: “Preços menores para a carne bovina exportada; competitividade acirrada frente à outras carnes (com destaque à carne de frango), e uma boa oferta de boiadas na temporada 2023, seguindo a expectativa do ciclo pecuário”.
Fabbri cita os números recentes do IBGE para comprovar a maior disponibilidade de animais terminados ao longo de 2023.
Durante o segundo trimestre deste ano, o abate de bovinos cresceu 12,3% e 11% nas comparações trimestral e anual, respectivamente. O total de bovinos abatidos (no 2º trimestre deste ano) foi de 8,25 milhões.
“O abate no segundo trimestre é o maior, em termos trimestrais, desde o terceiro trimestre de 2019”, compara Fabbri.
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Em relação ao mercado externo, diz analista da Scot, há espaço para ajustes positivos ao prêmio do boi-exportação, mas que deverão ser pontuais e não mudarão a conjuntura vigente.
“O momento é desafiador e deverá persistir em curto e médio prazos. Ao produtor, será fundamental para a saúde de seu negócio levar em consideração que, ao chegarmos no fundo do poço, a única saída é para cima”, relata Fabbri.
De acordo com dados levantados pela S&P Global Commodity Insights, nesta sexta-feira, 11 de agosto, o mercado físico do boi gordo manteve o tom especulativo observado durante toda esta semana.
“De uma maneira geral, o setor segue marcado pelas escalas de abate alongadas e pela demanda enfraquecida, conjuntura que potencializa o quadro baixista nos preços da arroba”, destacam os analistas.
Segundo a S&P Global, muitas unidades frigoríficas brasileiras não manifestaram interesse de compra de gado gordo nesta sexta-feira, alegando programações de abate confortáveis, que giram, em média, em torno de 10 dias uteis.
“Paralelamente, os baixos preços internacionais da proteína e o fraco consumo doméstico têm impactado a estratégia de aquisições de animais terminados pelas indústrias, que passaram a focar os seus esforços em escoar a produção de carne bovina”, reforça a S&P Global.
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Neste contexto, novos ajustes (negativos) de preços foram observados entre algumas regiões pecuárias.
No interior paulista, diz a S&P Global, a pressão de baixa ganha intensidade devido à fraca remuneração das indústrias com as vendas externas de carne bovina (a China segue forçando a queda nos preços pagos pela commodity brasileira).
“Com isso, boa parte das unidades de São Paulo que exportam carne bovina estão ausentes das compras de gado”, informa a consultoria.
Nos Estados vizinhos, acrescenta a S&P Global, boa parte dos frigoríficos também não sinalizaram preço de compra de boiadas gordas e avisam que, nos próximos dias, pretendem trabalhar com valores abaixo das máximas vigentes.
No atacado, os preços dos principais cortes bovinos voltaram a ceder nesta sexta-feira, informa a consultoria.
“A estratégia das indústrias frigoríficas é gerar algum estímulo aos negócios”, afirmam os analistas da S&P Global, completando: “As recentes altas nos preços das carnes concorrentes (frango e suínos) devem favorecer a competitividade da carne vermelha”.
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A estratégia dos frigoríficos brasileiros é reduzir os abates diários no curtíssimo prazo, acrescenta a consultoria. Na B3, ressalta a S&P Global, as cotações dos contratos futuros do boi gordo seguem fragilizados, com agentes e fundos de investimento liquidando posições.
“Todos os vencimentos para o ano de 2023 estão operando abaixo de R$230/@, fator que traz fortes impactos negativos nas margens operacionais de confinadores, mesmo diante de custos com ração mais baixos”, observa a S&P Global.
Cotações máximas de machos e fêmeas na sexta-feira, 11/8
(Fonte: S&P Global)
SP-Noroeste:
boi a R$ 227/@ (prazo)
vaca a R$ 212/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 225/@ (à vista)
vaca a R$ 215/@ (à vista)
MS-C.Grande:
boi a R$ 227/@ (prazo)
vaca a R$ 217/@ (prazo)
MT-Cáceres:
boi a R$ 202/@ (prazo)
vaca a R$ 177/@ (prazo)
MT-Cuiabá:
boi a R$ 200/@ (à vista)
vaca a R$ 177/@ (à vista)
MT-Colíder:
boi a R$ 195/@ (à vista)
vaca a R$ 175/@ (à vista)
GO-Goiânia:
boi a R$ 212/@ (prazo)
vaca R$ 197/@ (prazo)
GO-Sul:
boi a R$ 212/@ (prazo)
vaca a R$ 197/@ (prazo)
PR-Maringá:
boi a R$ 227/@ (à vista)
vaca a R$ 200/@ (à vista)
MG-Triângulo:
boi a R$ 222/@ (prazo)
vaca a R$ 192/@ (prazo)
MG-B.H.:
boi a R$ 197/@ (prazo)
vaca a R$ 192/@ (prazo)
BA-F. Santana:
boi a R$ 195/@ (à vista)
vaca a R$ 185/@ (à vista)
RS-Fronteira:
boi a R$ 240/@ (à vista)
vaca a R$ 210/@ (à vista)
PA-Marabá:
boi a R$ 197/@ (prazo)
vaca a R$ 182/@ (prazo)
PA-Redenção:
boi a R$ 197/@ (prazo)
vaca a R$ 182/@ (prazo)
PA-Paragominas:
boi a R$ 207/@ (prazo)
vaca a R$ 194/@ (prazo)
TO-Araguaína:
boi a R$ 202/@ (prazo)
vaca a R$ 182/@ (prazo)
RO-Cacoal:
boi a R$ 190/@ (à vista)
vaca a R$ 170/@ (à vista)
MA-Açailândia:
boi a R$ 192/@ (à vista)
vaca a R$ 175/@ (à vista)