A premissa é básica para qualquer fazenda de pecuária: saber quanto está custando cada arroba de boi gordo produzida.
No entanto, com o crescimento do cenário de incertezas no mercado, a sugestão é justamente se agarrar nessa premissa básica para não errar – ou errar menos – neste ano, de acordo com o médico veterinário Leandro Bovo, analista de pecuária e sócio-diretor da Radar Investimentos.
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Bovo foi o convidado do DBO Entrevista que foi ao ar na segunda-feira, 28/3, para debater as melhores estratégias para se investir em boi gordo este ano (confira no final do texto o link para conferir na íntegra o programa).
“Realmente o ambiente está muito desafiador, como poucas vezes eu vi no mercado. Esse ano está começando ‘bem complicadinho’”, avalia Bovo.
A recomendação do especialista de mercado, além de aproveitar as oportunidades com a queda de preços da reposição, é estar com o planejamento da propriedade muito bem definido, com o conhecimento preciso do custo de produção e da margem que o pecuarista quer chegar.
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“Pode parecer uma coisa meio óbvia, mas por incrível que pareça, não sei se seria a maioria, mas uma boa parte dos pecuaristas não sabem o custo de produção. Então ele não sabe quanto está custando aquela arroba que está vendendo e não sabe se essa arroba está dando prejuízo, ou quanto de prejuízo, ou lucro, e o quanto de lucro”, explica.
Com base nessas informações é que o pecuarista passa a escolher o melhor momento para vender, seja no mercado futuro, com um seguro de preço, ou aproveitando as oportunidades no mercado físico, seja para a venda do boi gordo, ou até mesmo do boi magro, se for vantajoso.
“Eu também sou produtor. Adoro pecuária. Acho que é uma atividade fantástica, com um ambiente muito bom, positivo, cativante e contagiante. Então o produtor, às vezes, se deixa levar por essa paixão pela pecuária, acreditando que o preço vai subir para sempre, e, muitas vezes, não é isso que acontece. Sempre há um momento de alta ou momento de baixa. Então eu acho que é importante sempre você ter o ‘plano de voo’ de todo lote que você compra”, diz Bovo.
Para o especialista, ter esse plano do voo significa não ir ao sabor do mercado, mas ter definido as estratégias de venda a cada compra de lote de bovinos, sabendo exatamente o que será feito com os animais.
Arroba valorizada em dólar
Um fator histórico para a carne bovina foi a arroba ultrapassar a casa dos US$ 70, o que fez com que a proteína vermelha nacional se equiparasse à carne bovina produzida nos Estados Unidos.
“A gente nunca imaginou em ter uma arroba nesse patamar de preço em dólares. É recorde histórico. Praticamente no mesmo preço dos Estados Unidos. Isso é em grande parte fruto da queda do dólar. Como o preço de nossa arroba acabou se mantendo relativamente estável, o preço da arroba em dólar subiu bastante. Acredito que vamos continuar com uma arroba cara em dólares, bem acima da média histórica”, diz o sócio-diretor da Radar Investimentos.
Apesar da valorização, Bovo ainda vê que o Brasil ainda continua como o país mais competitivo do mundo na produção de proteína animal.
Para ele, o aumento da valorização é um fenômeno mundial, com a pressão dos grãos e combustíveis que está encarecendo o valor das carnes, não só bovina, mas também suína e de frango.
Confira na íntegra o programa: