Foi concluída uma das maiores transações de rebanho Wagyu dos últimos tempos: a companhia Hancock Agriculture, percentente à empresária Gina Rinehart, comprou todo o rebanho de matrizes Sumo Wagyu, desenvolvido ao longo de 33 anos pelo pecuarista australiano Simon Coates, pioneiro na criação desta raça de origem japonesa, que faleceu há três anos.
As informações sobre essa grande aquisição foi detalhada pelo portal australiano beefcentral.com.
A nova compra, diz a reportagem, consolida a Hancock Agriculture como “a maior produtora mundial de carne Wagyu puro-sangue, por uma margem considerável”.
Na Austrália, a Hancock Agriculture administra mais de 20 propriedades, cobrindo uma vasta área de 3,49 milhões de hectares e com um rebanho comercial de gado Wagyu de mais de 150.000 cabeças.
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Segundo o portal Beef Central, a venda do rebanho Sumo concluída recentemente totalizou 1.450 cabeças, incluindo cerca de 900 vacas, além de touros, garrotes e bezerros.
A única venda comparativa recente de Wagyu em termos de escala foi a venda do rebanho Moyhu Wagyu, de Bob Officer, que, há alguns anos, negociou 600 vacas puro-sangue para a Stone Axe Pastoral, localizadsa na Austrália Ocidental.
O gado Sumo está localizado principalmente em terras arrendadas entre Grafton e Glen Innes, no norte de NSW (costa leste do país). As transferências do gado Sumo já estão em andamento e continuarão nas próximas duas semanas, diz a reportagem.
A Hancock Agriculture baseia a maioria de suas operações de criação de Wagyu no centro e norte de NSW e no sul de Queensland, mas também administra cerca de 1.000 vacas Wagyu de sangue puro na Austrália Ocidental.
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A empresa não descartou a aquisição de mais terras de pastagem para acomodar suas operações de criação de Wagyu em expansão.
O produto da marca Wagyu 2GR, da Hancock, processado na unidade John Dee, em Warwick, é exportado para 26 países no Norte e Sul da Ásia, Oriente Médio, Europa e América do Norte.
No Reino Unido, por exemplo, a marca de carne Wagyu da Hancock aparece em seis restaurantes de luxo de Londres, mas a demanda existia para 50, disse a empresa recentemente.
“Longos prazos de entrega para criar e alimentar o gado Wagyu significam que a correspondência entre oferta e demanda pode levar de três a cinco anos, entre a concepção e o desembarque do bife no prato”, justifica a companhia.
Pioneirismo
Os esforços de Simon Coates – responsável pelo desenvolvimento do rebanho Sumo na Austrália – foram essenciais para viabilizar o processo de importação da primeira genética Wagyu ao país da Oceania, no início da década de 1990, conta a reportagem.
“Veterinário de profissão, Coates tinha uma perspectiva um pouco diferente de alguns outros criadores pioneiros de Wagyu, especialmente ao compreender o valor do uso de técnicas inovadoras de criação, como a utilização de embriões congelados”, relata a matéria.
A Sumo realizou a primeira venda de matrizes Wagyu na Austrália em 1995 ou 1996, atraindo manchetes após uma série de grande negociações envolvendo touros e novilhas.
“Alguns desses bovinos formaram as fundações de outros rebanhos de matrizes que se tornaram alicerces da indústria”, recorda o texto da Beef Central, que acrescenta: “Ele (Simon Coates) era claramente uma pessoa generosa, não apenas por compartilhar seu conhecimento com outros que estavam entrando no setor, mas também por disponibilizar sua genética de gado aos criadores, numa época em que alguns dos primeiros participantes estavam retendo os seus animais superiores em busca de vantagem competitiva”.
Coates realizou vários workshops em lugares do leste da Austrália, desafiando pecuaristas que passaram décadas criando “gado bonito e bem estruturado” a “olhar além da superfície”. Durante as suas palestras, Coates costumava dizer: “Deixar o churrasco falar”.