O Uruguai comemora a aprovação do Certificado Sanitário Internacional (CSI) para a exportação de carne bovina congelada (com e sem osso), além de vísceras, para o mercado filipino, informa o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP).
“Esta conquista conclui um processo iniciado em 2022 e reafirma o compromisso do país com a abertura de novos destinos comerciais”, diz o ministério.
Localizada no Sudoeste Asiático e com mais de 116 milhões de habitantes, as Filipinas estão entre os 20 maiores importadores de carne bovina do mundo.
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Entre seus fornecedores, destaque para o Brasil, além da Índia – juntos, os dois países são responsáveis por 75% de toda a carne bovina in natura importada enviada ao mercado filipino, segundo informa o chefe de acesso ao mercado e inteligência do Instituto Nacional de Carnes (INAC), Álvaro Pereira.
Austrália, Nova Zelândia, EUA, entre outros países, também exportam para as Filipinas, entregando cortes bovinos de maior valor agregado.
Porém, o maior interesse das Filipinas é pelos cortes de animais criados a pasto, o “boi de capim”, justamente o tipo de produto que é exportado hoje pelo Brasil, Austrália e Nova Zelândia.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 2024, o Brasil embarcou 92 mil toneladas de carne bovina in natura para o mercado filipino, ante 55,9 mil toneladas enviadas em 2023.
O funcionário do INAC lembra que as Filipinas não exigem um rito Halal no abate, o que significa que se pode “pensar em marketing de uma forma muito natural e fluída”.
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Segundo dados levantados pelo INAC, as Filipinas têm uma das maiores e mais ativas economias do Sudeste Asiático.
O crescimento anual da sua economia nos últimos anos tem oscilado em torno de 6%, com previsão de números semelhantes nos próximos anos. Além disso, espera-se que o número de famílias com alto nível de renda disponível aumente em cerca de 50% até 2026.
A população das Filipinas, relata o INAC, está crescendo cerca de 1,5% ao ano e é predominantemente jovem: metade da população tem 26 anos ou menos (no Uruguai, metade da população tem 36 anos).
A combinação de rápido crescimento de famílias de alta renda e uma grande proporção de consumidores jovens cria um mercado atual e futuro altamente atraente para a carne bovina uruguaia, observa o instituto.
Detalhes do mercado de importação de carne bovina
As Filipinas têm 0,05 hectares de terra agrícola por pessoa para produzir alimentos, 12 vezes menos que a média mundial e 80 vezes abaixo da média registrada no Uruguai.
“Isso posiciona as Filipinas como um mercado estruturalmente importador de alimentos em geral, e de carne bovina em particular, dada sua incapacidade de atender à demanda com sua própria produção”, relata o INAC. Como resultado, ressalta o instituto, 60% do consumo de carne bovina das Filipinas é importado.
Em 2023, as Filipinas importaram US$ 539 milhões em carne bovina, o que equivale a 16% das importações da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático).
Em volume, o país importou 181 mil toneladas, das quais 99% congeladas e 93% desossadas.
Nos últimos dez anos, o valor das importações cresceu a uma taxa média anual de 8%, impulsionado principalmente pelo aumento dos volumes colocados pelo Brasil e pela Índia. No entanto, as importações de carne da Austrália e dos Estados Unidos cresceram a uma taxa média anual de 9%, mostrando um aumento contínuo no segmento de alto valor.
Condições de acesso ao mercado
A tarifa padrão para carne bovina desossada e congelada, tanto resfriada quanto congelada, é de 10%, informa o INAC. Austrália e Nova Zelândia têm acesso ao mercado filipino sem pagar tarifas devido ao Acordo de Livre Comércio assinado com os países membros da ASEAN.
A Índia, por sua vez, assinou um Acordo de Livre Comércio pelo qual tem acesso a uma tarifa preferencial de 5%, exceto para cortes desossados congelados (sem tarifas). Outros fornecedores entram no mercado filipino sob as mesmas condições tarifárias do Uruguai, ou seja, enfrentando a tarifa padrão. Essa tarifa está abaixo da tarifa média paga atualmente à carne bovina uruguaia, que é de 12%, compara o INAC.