O artigo publicado nesta quinta-feira (12/9) pelo portal australiano beefcentral.com relata surpresa com o grande desempenho atual das exportações brasileiras (e também de alguns outros países da América do Sul) de carne bovina ao mercado norte-americano. “Se o aumento nas importações da Austrália era ‘um tanto esperado’, considerando o avanço constante nos estoques de gado no país, o crescimento das importações dos EUA de carne bovina da América do Sul foi muito maior do que a maioria esperava”, destacou uma consultoria do setor, a Steiner Consulting.
Segundo um relatório recente da Steiner, os preços recordes da carne bovina magra, combinados com o dólar americano forte, encorajaram os fornecedores globais de carne bovina a acelerar os embarques para os EUA.
Como os preços da proteína bovina magra doméstica nos Estados Unidos estão sendo negociados em níveis recordes (devido aos desafios de fornecimento local de gado), as remessas de proteína australiana, brasileira e uruguaia ao gigante da América do Norte estão fluindo em volumes muito maiores, ressaltou o artigo.
Continue depois da publicidade
Segundo a Steiner, as importações dos EUA de carne bovina (fresca, congelada e cozida) em julho/24 foram 25% maiores que em igual período do passado, enquanto as importações acumuladas neste ano aumentaram quase 19% (considerando a mesma base de comparação), e 27% maiores do que a média de cinco anos.
Dessa maneira, continua o texto, a redução nas importações de outros países da América do Norte abriu a porta para mais carne bovina vinda da Austrália/Nova Zelândia e da América do Sul.
A Austrália é atualmente o maior fornecedor de carne bovina para os EUA, em volume, lembrou o relatório da consultoria.
Mas, diferentemente da Austrália, que não enfrenta mais uma penalidade tarifária significativa (acordo de livre comércio) no mercado norte-americano, as importações dos EUA de fornecedores de carne bovina sul-americanos estão sujeitas ao sistema de “Cotas Tarifárias (TRQ)”.
Argentina e Uruguai operam sob uma cota específica, de 20.000 toneladas/ano cada um deles, enquanto o Brasil ocupa a cota “Outros países”, totalizando apenas 65.000 toneladas.
Continue depois da publicidade
O forte aumento do comércio neste ano, relatou o texto da Beef Central, fez com que o Brasil (e outros) preenchessem rapidamente a cota deste ano (em março/24), o que significa que os envios de carne bovina durante o restante dos meses deste ano foram expostas a uma tarifa (fora da cota) de 26,4%, reduzindo a competitividade do produto brasileiro em relação ao demais exportadores mundiais, como a Austrália e Nova Zelândia.
“Isso não se mostrou um impedimento significativo aos embarques brasileiros”, disse Steiner Consulting, em relatório.
No acumulado de janeiro a julho deste ano, as importações norte-americanas de carne bovina brasileira totalizaram 92.000 toneladas, apontou a Steiner.
As importações do Uruguai, que tem sua própria cota de 20.000 toneladas, foram de 49.500 toneladas até julho/24 e, segundo a consultoria, “também há mais carne bovina da Argentina e do Paraguai entrando no mercado dos EUA”.
Como relatou o analista norte-americano Steve Kay na semana passada, os EUA são agora o maior mercado de exportação de carne bovina do Uruguai (em volume), superando a China.
“Os embarques de carne bovina importada do Brasil provavelmente acelerarão no final do ano, pois os fornecedores sabem que a cota disponível provavelmente será preenchida nos primeiros meses de 2025”, previu o relatório da Steiner.
Força australiana
Entre janeiro a julho deste ano, as exportações da proteína bovina da Austrália para os EUA atingiram quase 235 mil toneladas, um aumento de 69% (ou 96.000 toneladas) em relação ao resultado obtido no mesmo período do ano passado – foi o maior volume para este período desde 2015.
Os embarques australianos de agosto ao mercado norte-americano atingiram 41.000 toneladas, 59% a mais que em igual mês do ano passado.
A crescente demanda dos EUA pela carne bovina da Austrália ocorre num momento em que a demanda da China, o maior comprador de carne bovina do mundo, desacelerou devido aos desafios econômicos.
Nos últimos oito meses, as exportações da proteína vermelha australiana à China atingiram 121.000 toneladas, 8% abaixo do volume registrado em igual período do ano passado. Grande parte deste deslocamento foi para os EUA, observa o texto da Beef Central.