Eventos climáticos extremos no verão podem prejudicar agropecuária sul-americana

As informações constam em um relatório científico apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai

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A América do Sul deve registrar um verão com alta probabilidade de eventos meteorológicos extremos, por causa do El Niño, com impacto na atividade agropecuária dos países.

As informações constam em um relatório científico apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai, aos ministros e altos funcionários de agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai, nações que integram o Conselho Agropecuário do Sul (CAS), informa o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em comunicado.

Em termos exatos, o início do verão no Hemisfério Sul será no dia 22 de dezembro, à 00h27 (horário de Brasília), e termina em 20 de março de 2024, à 00h06, data de início do outono.

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O documento científico apresentado antecipa que são previstas chuvas acima do normal, aumento dos rios que podem provocar inundações e tempestades extremamente fortes na Grande Bacia do Prata, que inclui a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e o sul do Brasil.

Situação oposta ocorrerá no Norte e o Nordeste do Brasil, onde se esperam secas intensas e severas. Em boa parte do território chileno, entretanto, as previsões indicam que serão registradas temperaturas superiores às habituais.

As informações, que confirmam que o setor agropecuário é vítima da mudança do clima e deve extremar seus esforços coletivos para ser resiliente, foi apresentada por Cecilia Gianoni, secretária executiva do Programa Cooperativo para o Desenvolvimento Tecnológico Agroalimentar e Agroindustrial do Cone Sul (Procisur), instrumento de integração entre os institutos de pesquisa da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai e o IICA.

“Promovemos a participação ativa da agricultura regional nessa cúpula climática global, pois os produtores são guardiões da natureza e devem estar no centro de todas as decisões tomadas, as quais devem ser baseadas na ciência”, disse na nota o diretor geral do IICA, Manuel Otero.

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Quanto às perspectivas, o documento indica que as informações com base científica de mais relevância internacional indicam uma probabilidade superior a 90% de que El Niño persista no verão do Hemisfério Sul.

Assim, os impactos serão diferenciados. Na zona do altiplano, esperam-se precipitações menores do que o normal entre dezembro e março, que habitualmente representam a maior proporção de oferta hídrica da região.

Na Bacia do Prata há probabilidade de alagamentos e inundações por efeito de chuvas intensas e transbordamentos de rios e córregos, o que pode afetar áreas rebaixadas, setores litorais ou ribeirinhos, campos baixos e áreas vulneráveis, inclusive zonas baixas de uso agrícola ou pecuário.

Embora a oferta de pastos e pastagens se recupere, o gado de carne e de leite poderá sofrer estresse pelas altas temperaturas. Na região dos Pampas, espera-se uma maior disponibilidade de água.

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Entretanto, a produtividade será prejudicada no Norte e Nordeste do Brasil pela falta de chuvas, o que aumentará o risco de incêndios florestais e reduzirá o caudal dos rios, especialmente se o fenômeno de El Niño se intensificar.

No Grande Chaco e no Pantanal brasileiro, é mais provável a ocorrência de chuvas normais ou, inclusive, superiores, o que aumentará a disponibilidade de água em todos os agroecossistemas e repercutirá positivamente no alimento para o gado.

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