Os custos de processamento de carne bovina na Austrália aumentaram 25% em oito anos, expondo a menor competitividade dos frigoríficos locais, relata reportagem publicada no portal australiano beefcentral.com, com base em pesquisa recente realizada pela Australian Meat Processor Corporation (AMPC).
Segundo o estudo, atualmente, para abater, desossar e embalar, o custo médio de um animal australiano gira em torno de US$ 450, avanço de US$ 90 sobre o gasto de US$ 360/cabeça registrado no relatório anterior da AMPC, publicado em 2016.
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Na análise deste ano, houve uma pequena diferença observada no custo de operação de gado alimentado com grãos (US$ 478/cabeça) em comparação ao gado alimentado com capim (US$ 371/cabeça).
A pesquisa recente, diz a reportagem da Beef Central, foi baseada em uma “média” de uma ampla gama de atividades de processamento, desde a desossa a quente até a desossa resfriada (mais sofisticada).
O relatório de atualização de 2024 enfatizou que os custos variam conforme o perfil de cada unidade industrial, dependendo das instalações, dos processos, localização e disponibilidade de recursos. Uma planta de desossa a quente, por exemplo, terá menor custo de operação que uma planta de desossa resfriada que produz carne bovina de alta qualidade.
Os maiores aumentos de custos observados no último relatório ocorreram em áreas como energia (eletricidade e gás), combustível, descarte de resíduos e transporte.
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Os aumentos nos custos de mão de obra foram um pouco menos impactantes, porém tais gastos australianos continuam mais altos que os dos concorrentes internacionais, destaca a Beef Central.
O novo relatório concluiu que:
- Serviços públicos, como eletricidade. aumentaram 30,2% nos últimos oito anos; combustíveis subiram 28,2%; água e esgoto avançaram 9,8%; e o descarte de resíduos cresceu 28%;
- Os salários e vencimentos de processamento e as compensações dos trabalhadores aumentaram 22,6% desde o primeiro relatório de 2016, enquanto os benefícios de aposentadoria registraram acréscimo de 38,4%;
- “Outros custos”, incluindo custos de certificação/auditoria, aumentaram 24,2%; a embalagem avançou 21,1%; e o transporte de produtos acabados subiu 27,4%. Outros itens como reparos e manutenção e bens de consumo cresceram 27,8%.
Tomando como exemplo o processamento de animais alimentados com capim, o custo total da mão de obra, medido por cabeça, aumentou de US$ 180 para US$ 223 em oito anos, enquanto os custos com serviços públicos (energia para armazenamento refrigerado, aquecimento, iluminação e maquinário), além de água, esgoto e descarte de resíduos, avançaram de US$ 20 para quase US$ 26 por cabeça.
Salários mínimos
O relatório deste ano apontou que os salários mínimos da Austrália continuam mais altos do que todos os concorrentes exportadores de carne, aponta a reportagem da Beef Central.
Em 2022, o salário mínimo na Austrália foi 3,2% maior do que na Nova Zelândia, 46,7% acima do que nos Estados Unidos e 82% mais alto que no Brasil. Desde 2017, o salário mínimo dos EUA caiu em termos reais, ampliando a lacuna entre os custos trabalhistas australianos e americanos.