Competição entre Argentina e Brasil vai muito além do futebol

O real foi a moeda que mais se desvalorizou em 2024, o que implicou em um ganho de competitividade de preços para os produtos brasileiros vendidos no exterior, diz estudo da Bolsa de Comércio do Rosário

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O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina ininterruptamente há mais de três décadas (desde 1991), relata um interessante estudo publicado pela Bolsa de Comércio de Rosário (BCR).

“Não há país no mundo que tenha um comércio bilateral tão forte com o nosso país como a nação brasileira”, diz a publicação, lembrando que a Argentina foi o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil.

Em 2024, a Argentina enviou 17% de suas exportações e originou 23% de suas importações no Brasil, participações alinhadas com as médias da última década.

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O Brasil é o principal destino das exportações do complexo automobilístico e do complexo trigo da Argentina.

Porém, o estudo da BCR lembra que o Brasil não é apenas um mercado estratégico para a Argentina.
É também um concorrente nas principais linhas do comércio exterior argentino.

Enquanto a Argentina é o maior exportador global de farelo e óleo de soja, o Brasil é o principal exportador mundial de soja, carne bovina e milho.

Situação cambial e competitividade

Ao final de 2023, eram necessários cerca de 4,9 reais para comprar um dólar. Um ano depois, no final de 2024, eram necessários mais de 6 reais para adquirir um dólar, compara a BCR.

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O real foi a moeda que mais se desvalorizou em 2024, o que implica um ganho de competitividade de preços para o Brasil, observa o estudo.

Por sua vez, continua a BCR, a necessária e sustentada redução da taxa de inflação que a Argentina viveu em 2024 trouxe consigo uma valorização do peso.

Com isso, na avaliação da BCR, diante do cenário de valorização do peso frente ao real, abre-se uma margem maior para o Brasil operar com prêmios melhores em relação aos demais países caso precise colocar mercadorias no exterior.

“Isto, por exemplo, poderia favorecer a entrada do farelo de soja brasileira em detrimento do farelo de soja argentino na União Europeia, principal importador mundial e principal comprador da commodity (em ambos os países)”, sugere o estudo.

Algo semelhante pôde ser verificado no caso da carne bovina destinada à China e do óleo de soja exportado para a Índia, acrescenta a BCR.

“Em ambos os casos, reforça a bolsa de comércio, estes países são os principais demandantes destes produtos para Argentina e Brasil”.

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