Com a alta no preço do milho e a queda na cotação da arroba do boi gordo, o poder de compra dos pecuaristas piorou na parcial de março/23, em relação ao quadro registrado em fevereiro/23, informa Scot Consultoria.
Segundo o engenheiro agrônomo e analista Rodolfo Silber, vários fatores deram sustentação aos preços do milho no mercado interno: os problemas climáticos que afetaram a produção no Sul do Brasil; o atraso na colheita da soja (que prejudicou a semeadura do milho de segunda safra na janela ideal); e a demanda externa pelo cereal aquecida.
“Estima-se que o Brasil irá exportar 48,0 milhões de toneladas de milho na safra 2022/23, 1,4 milhões a mais que no ciclo anterior”, relata Silber.
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Segundo levantamento da Scot Consultoria, em Campinas (SP), a saca do milho está cotada em R$ 88,43 na média de março/23 (até 9/3), sem o frete.
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No comparativo com a média de fevereiro último, a cotação do milho subiu 1,3%. Em relação à média de março/2022, o cereal está custando 14,1% menos, acrescenta o analista.
A cotação do boi gordo caiu em março (até 9/3), com a suspensão da exportação de carne bovina para China. Comparado com a média de fevereiro/23, a arroba do boi gordo, em São Paulo, está 0,9% menor.
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Considerando a praça paulista, atualmente compram-se 3,1 sacas de milho com o preço de uma arroba de boi gordo. “Com a alta no preço do milho e a queda na arroba do boi gordo, a relação de troca para o pecuarista piorou 2,2% em relação à média do mês passado”, compara o analista. Em 12 meses, a relação está 4,6% pior, acrescenta. “No curto prazo, o avanço da semeadura do milho de segunda safra e o ritmo da exportação devem seguir sustentando os preços do cereal no mercado interno”, acredita Silber.
Estimativa – Em 8 de março, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o novo relatório de expectativa da oferta e demanda para a safra mundial de grãos 2022/23.
A expectativa de produção global de soja foi reduzida em 7,86 milhões de toneladas, estimada em 375,15 milhões de toneladas.
Com a redução na produção mundial, os estoques finais recuaram em 2,02 milhões de toneladas frente ao relatório de fevereiro, estimado atualmente em 100,01 milhões, informa o analista da Scot.
“A forte estiagem que acometeu a Argentina, provocou uma nova revisão negativa de 8 milhões de toneladas na expectativa de produção da oleaginosa no país e, em consequência, o esmagamento doméstico sofreu redução de 2,05 milhões de toneladas”, relata. Dessa maneira, a estimativa atual da produção é de 33 milhões de toneladas de soja e 35,25 milhões para o processamento doméstico.
Para o Brasil, a expectativa de produção foi mantida em 153 milhões de toneladas e, na exportação, houve incremento de 0,7 milhão, atualmente em 92,7 milhões de toneladas. Os estoques finais estão estimados em 31,54 milhões, queda de 0,68 milhões.
Com relação ao milho, o relatório do USDA reduziu a expectativa de produção global em 3,84 milhões de toneladas, estimada atualmente em 1,147 bilhão de toneladas.
“Dentre os principais exportadores, o relatório apontou queda na expectativa de produção apenas para a Argentina, estimada em 40 milhões de toneladas, 7 milhões de toneladas abaixo da produção esperada em fevereiro/23”, diz o analista.
Para o Brasil, a estimativa de produção do milho foi mantida em 125,0 milhões de toneladas.
“A exportação está estimada em 50 milhões de toneladas de milho, que, se concretizada, colocará o Brasil como o maior exportador na safra 2022/23”, informa Silber.
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No mundo, o estoque global aumentou, estimado atualmente em 296,46 milhões de toneladas de milho, 1,18 milhão de toneladas acima das estimativas em fevereiro último.