As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias causaram danos expressivos à agropecuária local, embora a dimensão total dos prejuízos ainda não tenha sido mensurada, informa a Agrifatto em relatório especial sobre a tragédia climática no Estado.
“Como consequência das intensas chuvas que caíram sobre o Rio Grande do Sul estamos vendo interrupções de estradas e queda de pontes, dificultando, assim, a logística e a produção daquele que é um dos principais estados agropecuários do Brasil”, relata a consultoria.
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Segundo os analistas da Agrifatto, o problema logístico é o maior deles. “Os relatos apontam para rações que não chegam aos criadores e a impossibilidade de fazer o transporte de animais como os principais gargalos para a produção pecuária do RS”, observa a consultoria.
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Além disso, muitos trabalhadores não conseguem chegar às fábricas e a produção da carne não encontra contêineres, nem vias de escoamento.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) ao menos sete indústrias de aves e suínos estão paradas. Considerando a lista de 265 municípios em calamidade pública divulgada pela Defesa Civil do Estado, diz a Agrifatto, essas cidades concentram, respectivamente, 7%, 8% e 3% do rebanho de galináceos, suínos e bovinos em nível nacional.
“Olhando para a participação dos municípios afetados no rebanho pecuário do Rio Grande do Sul, são 113,41 milhões de aves (63% do total do Estado), 3,41 milhões de suínos (55%) e 6,49 milhões de bovinos (54%)”, contabiliza a Agrifatto, que complementa: “Como estamos vendo a logística dessa região completamente interrompida, é de se esperar que a produção de proteína animal no Rio Grande do Sul sofra um baque durante as semanas que virão”, prevê.
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Além disso, em torno de 40% do leite produzido no Rio Grande do Sul está com a entrega para a indústria comprometida pelas consequências das chuvas. “Com muitas propriedades alagadas e isoladas, o recolhimento no leite encontra dificuldades e a produção diária (de 11 milhões de litros de leite) enviada para a indústria pode sofrer um baque de 40%, o que representa em torno de 4,4 milhões de litros de leite”, afirma a Agrifatto, citando como fonte o Sindilat-RS.
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Há ainda relatos de diminuição de ração para os animais, com falta do produto em estabelecimentos comerciais. “A recomendação é para que seja priorizada a alimentação dos suínos, que comem exclusivamente ração, tendo em vista que o gado de leite pode ser alimentado com silagem”, esclarece a Agrifatto.
A preocupação com a indústria de proteína animal do Estado também é grande, já que, somente para a “carne”, são 112 indústrias com Selo de Inspeção Federal (SIF) ativos, sendo o quarto Estado do País com mais estabelecimentos SIF habilitados para a produção de carne, informa a consultoria.
Número de estabelecimentos de carne com SIF habilitados
Brasil: 1.251
SP: 340
PR: 171
MG: 131
RS: 112
SC: 109
Outros: 388
Fonte: Agrifatto/Mapa
Participação do Rio Grande do Sul na pecuária nacional
Suíno: 3º
Aves: 4º
Ovos: 5º
Bovinos: 8º
Produção
Suíno: 904,01 mil toneladas
Aves: 1,42 milhão de toneladas
Ovos: 285,38 milhões de dúzias
Bovinos: 411,96 mil de toneladas
Fonte: Agrifatto/Mapa