A participação da América do Sul (leia-se Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) no total das exportações mundiais de carne bovina pode chegar a 40% em 2024, o que representaria um avanço de quase 10 pontos percentuais sobre a fatia registrada em 2018 (de 31%).
Os números acima são baseados nos dados computados pelo relatório de julho/24 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e que foram esmiuçados pela Bolsa de Comércio de Rosário, da Argentina.
Do lado da oferta, Brasil, Austrália, Argentina e a Nova Zelândia – os cinco principais exportadores mundiais, juntamente com os EUA – deverão atingir números recordes nos embarques em 2024.
No caso do Brasil, o USDA espera que as exportações atinjam 3,3 milhões de toneladas este ano (370 mil toneladas acima do estimado no relatório de abril/24), reforçando, assim, a sua posição como principal fornecedor mundial de carne bovina, com uma contribuição de 25,5% do comércio mundial.
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Por sua vez, para a Austrália, que se afirma novamente como segundo maior fornecedor, o USDA prevê exportações para este ano de 1,79 milhões de toneladas, cerca de 85 mil a mais que o volume de abril/24 (230 mil a mais que o exportado no ano anterior), atingindo 14% do comércio global.
Da mesma forma, para a Argentina, mesmo com a menor produção projetada para este ano, o USDA mostra uma ligeira correção nas exportações anuais, sustentando um crescimento de quase 8% anual (para 950 mil toneladas) à custa de uma queda no consumo local de carne bovina.
Para a Nova Zelândia, tal como para o resto dos países (exceto a Argentina), o aumento dos embarques é apoiado por um crescimento do seu saldo exportável, em razão de uma maior produção local.
“Em suma, analisado por região, vemos que, enquanto para a Oceania (Austrália e Nova Zelândia) este crescimento permite recuperar lentamente a sua participação no mercado global, para os países da região (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) significa um aumento de presença no mercado mundial, tornando-se a principal região fornecedora de carne bovina, com 40% das exportações globais”, reforça a Bolsa de Comércio de Rosário.
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Na avaliação da entidade argentina, tal avanço no comércio global explica a forte concorrência que tem ocorrido entre os países da América do Sul, devido à oferta abundante oferecida aos mercados nos últimos anos.
Porém, continuam os analistas da bolsa, espera-se que, a partir de agora, essa tendência também comece a se inverter, pois os fornecedores da América do Sul tendem a passar por uma fase de maior retenção de animais e de reconstrução gradual dos seus estoques, depois da forte expansão registrada durante o último ciclo.
No caso da Argentina, depois de um ano de fortes perdas devido à seca, os abates já começaram a diminuir. “Os dados do primeiro semestre do ano confirmam uma redução anual de 10% no abate de bovinos”, ressalta a bolsa.