As exportações de carne bovina da Austrália tiveram o início de ano mais forte desde o período de seca de 2019-20, quando a atividade de abate ficou sobrecarregada, informou o portal australiano beefcentral.com.
Tradicional exportador mundial da commodity, o país da Oceania promete incomodar os concorrentes internacionais este ano, sobretudo o Brasil, que, assim como a Austrália, tem previsões otimistas para o comércio internacional da proteína bovina (mais informações sobre o assunto no Anuário DBO 2024).
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Anuário DBO | Mercado pecuário mundial: nova configuração na exportação e importação de carne
Segundo reportagem da Beef Central, janeiro é tradicionalmente o mês mais calmo do ano para as exportações de carne bovina australiana, com muitas grandes fábricas de exportação do norte fechadas para as férias.
No entanto, os embarques para todos os mercados atingiram 75.585 toneladas no mês passado, o volume mais elevado registado em janeiro desde 2020, quando grande parte da metade norte da Austrália ainda estava sob grave seca. “A média de janeiro nos últimos cinco anos foi de 59.000 toneladas”, acrescenta o portal.
O resultado do mês passado segue o ritmo forte dos embarques de dezembro/23. “O processamento de carne bovina na Austrália teve um forte início de ano, com as primeiras quatro semanas de operações obtendo uma média de quase 88.500 cabeças, 11% a mais que no ano passado e 32% acima do resultado computado em igual período de 2022”, relata.
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Tal como aconteceu durante o segundo semestre de 2023, os Estados Unidos continuaram a comprar fortemente em janeiro, adquirindo 20.308 toneladas de carne bovina (e de vitela) australiana. Isso foi mais que o dobro do volume visto em janeiro do ano passado (8.953 toneladas), segundo o portal.
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No mercado dos EUA, a Austrália, diz o Beef Central, se beneficia de uma vantagem competitiva sobre o rival de exportação, o Brasil. Sem um Acordo de Comércio Livre bilateral em vigor, o Brasil exporta para os EUA ao abrigo da pequena cota de carne bovina de “outros países”, de apenas 65.000 toneladas.
Em 29 de janeiro/24, de acordo com o portal, essa cota (para este ano) estava preenchida em 71,54%. “Isso sugere que a cota será preenchida no próximo mês, forçando uma tarifa total de 26,4% sobre as exportações brasileiras de carne bovina para os EUA até o final deste ano”, relata o portal, reforçando a vantagem competitiva dos australianos no mercado norte-americano.
No entanto, diz a reportagem, apesar da penalização em termos de custos, as exportações de carne bovina do Brasil para os EUA cresceram acentuadamente nos últimos anos.
Ao mesmo tempo, o volume de exportações isentas de tarifas da Austrália para os EUA diminuiu gradualmente ao longo dos últimos quatro anos. A Austrália utilizou apenas 29% de sua cota total de carne bovina dos EUA em 2022, 31% em 2021 e 55% no ano passado (2023). A última vez que a cota foi preenchida foi em 2015.