O cenário de “puxa e empurra” persiste no mercado físico do boi gordo, com algumas regiões resistindo à pressão baixista imposta pelas indústrias frigoríficas, relata a Agrifatto, que acompanha diariamente os negócios em 17 importantes praças brasileiras.
Com a chegada da segunda quinzena do mês, diz a consultoria, o escoamento de carne bovina no varejo, que já não estava bem, anda ainda mais fraco, devido ao menor poder aquisitivo da população.
Tal conjuntura resultou em estoques cheios e escalas de abate confortáveis para as indústrias brasileiras, afirma a Agrifatto.
As programações de abate dos frigoríficos fecharam a sexta-feira rondando a casa de 10 dias úteis na média nacional, com avanço de 1 dia no comparativo semanal, informa a consultoria.
Continue depois da publicidade
VEJA TAMBÉM | Frigoríficos registram escalas de abate mais confortáveis na última semana
Porém, a liquidez dos negócios envolvendo os contratos futuros de boi gordo seguiu avançando na B3. O volume de contratos em aberto (futuros + opções) subiu 10,43%, atingindo 40,06 mil contratos, puxado pelo aumento nas negociações das opções, observa a Agrifatto.
No entanto, a pressão negativa sobre os valores negociados continua e o vencimento que mais apresentou desvalorização foi para março/24, que fechou a sexta-feira em R$ 236,35/@, com forte queda semanal de 3,06%.
Com isso, o ágio entre os preços futuros na B3 e a cotação do boi gordo no mercado físico está negativo para quase todos os contratos, relata a Agrifatto.
“Apenas aqueles contratos com vencimentos mais próximos do final de 2024 estão positivos”, acrescenta.
Continue depois da publicidade
Atualmente, o deságio mais forte vem do vencimento para abril/24, que fechou a última sexta-feira em R$ 235/@, apresentando um defasagem de 5,85% em relação ao que é precificado pelo Cepea de São Paulo.
O vencimento para janeiro/24, relembra a Agrifatto, chegou a apresentar um ágio de 7,48% em 16 de novembro, momento em que o boi gordo estava no processo de valorização no físico, próximo dos R$ 230/@. Porém, agora, o mesmo contrato apresenta um deságio de 1,56%, com o preço futuro se aproximando do preço do físico.
Voltando ao mercado físico, o indicador Cepea do boi gordo parou de subir e enfrenta dificuldades em se sustentar acima dos R$ 250/@, afirmam os analistas da Agrifatto.
“Como janeiro é um mês de férias, de pagamento de contas, o consumo de carne sofre o impacto disso”, justifica a consultoria, acrescentando: “Não podemos esquecer que ainda estamos em fase de baixa de ciclo”.
Porém, diz a Agrifatto, apesar da instabilidade atual no mercado físico, sazonalmente poderá ocorrer um comportamento de alta na arroba em fevereiro/março, devido ao poder do pecuarista em conseguir segurar mais o gado no pasto nesta época de chuvas.
Mercado Pecuário | Arroba segue estável até o fim de janeiro ou vai ceder à pressão dos frigoríficos?
Varejo – As vendas de carne bovina no varejo paulista durante o final de semana apresentaram uma dualidade de comportamento, relata a Agrifatto.
Nas áreas economicamente menos favorecidas, marcadas pela maior comercialização de carne de segunda, os resultados foram considerados satisfatórios, informa a consultoria.
Por outro lado, nos bairros de alto poder aquisitivo, devido à ausência da maioria de moradores por conta das férias, as vendas se estabeleceram como fracas.
“Isso é confirmado pelo fato de distribuidores que atendem essas regiões abastadas apresentarem mercadorias estacionadas sem previsão de descarga, enquanto os que abastecem a periferia enfrentam escassez de produtos e procuram carne para reforço de estoques”, compara a Agrifatto.
Dessa maneira, as distribuições de carne bovina no atacado na sexta-feira/sábado foram avaliadas como boas, enquanto as de hoje são qualificadas como medianas.
“Considerando tanto o atacado quanto o varejo, as vendas do final de semana demonstraram performances comerciais consideradas apenas razoáveis”, ressaltam os analistas da Agrifato, que reforçam: “É preciso destacar que a forte redução no consumo de carne bovina durante a segunda quinzena de janeiro pode criar espaços para ajustes negativos nos preços do animal para abate”.
Hoje, segunda-feira, 22 de janeiro, a cotação média em São Paulo do boi gordo recuou para R$ 240/@.
“Apenas uma (SP) das 17 praças passou por desvalorização na arroba”, destaca a Agrifatto, acrescentando que nas demais regiões os preços ficaram estáveis.
Cotações máximas de machos e fêmeas nesta segunda-feira, 22 de janeiro (Fonte: S&P Global)
SP-Noroeste:
boi a R$ 240/@ (prazo)
vaca a R$ 225/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 232/@ (à vista)
vaca a R$ 215/@ (à vista)
MT-Cáceres:
boi a R$ 208/@ (prazo)
vaca a R$ 190/@ (prazo)
MT-Cuiabá:
boi a R$ 210/@ (à vista)
vaca a R$ 185/@ (à vista)
GO-Sul:
boi a R$ 230/@ (prazo)
vaca a R$ 215/@ (prazo)
PR-Maringá:
boi a R$ 230@ (à vista)
vaca a R$ 205/@ (à vista)
MG-Triângulo:
boi a R$ 230/@ (prazo)
vaca a R$ 215/@ (prazo)
PA-Redenção:
boi a R$ 210/@ (prazo)
vaca a R$ 192/@ (prazo)
TO-Araguaína:
boi a R$ 220/@ (prazo)
vaca a R$ 198/@ (prazo)
RO-Cacoal:
boi a R$ 200/@ (à vista)
vaca a R$ 195/@ (à vista)
Preços dos animais terminados apurados pela Agrifatto em 22 de janeiro
São Paulo — O “boi comum” vale R$235,00 a arroba. O “boi China”, R$245,00. Média de R$240,00. Vaca a R$220,00. Novilha a R$235,00. Escalas de abates de onze dias;
Minas Gerais — O “boi comum” vale R$220,00 a arroba. O “boi China”, R$230,00. Média de R$225,00. Vaca a R$210,00. Novilha a R$215,00. Escalas de abate de nove dias;
Mato Grosso do Sul — O “boi comum” vale R$230,00 a arroba. O “boi China”, R$240,00. Média de R$235,00. Vaca a R$215,00. Novilha a R$225,00. Escalas de abate de nove dias;
Mato Grosso — O “boi comum” vale R$205,00 a arroba. O “boi China”, R$215,00 Média de R$210,00. Vaca a R$195,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de dez dias;
Tocantins — O “boi comum” vale R$210,00 a arroba. O “boi China”, R$220,00. Média de R$215,00. Vaca a R$195,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de dez dias;
Pará — O “boi comum” vale R$210,00 a arroba. O “boi China”, R$220,00. Média de R$215,00. Vaca a R$195,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de dez dias;
Goiás — O “boi comum” vale R$220,00 a arroba. O “boi China/Europa”, R$230,00. Média de R$225,00. Vaca a R$210,00. Novilha a R$215,00. Escalas de abate de dez dias
Rondônia — O boi vale R$200,00 a arroba. Vaca a R$190,00. Novilha a R$195,00. Escalas de abate de dez dias;
Maranhão — O boi vale R$210,00 por arroba. Vaca a R$195,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de dez dias;
Paraná — O boi vale R$235,00 por arroba. Vaca a R$215,00. Novilha a R$225,00. Escalas de abate de nove dias.