Criador goiano gera sua própria energia elétrica com ajuda de painéis fotovoltaicos e viabiliza projeto hidráulico para intensificação da cria
Por Ariosto Mesquita
Convencido a intensificar a produção da atividade de cria em uma de suas propriedades (Fazenda Alegre, em Campos Verdes, noroeste de Goiás), o produtor Leonardo Rezende Pinheiro teve de buscar uma alternativa viável para abastecer os 15 bebedouros distribuídos na nova configuração de divisão de pastagens implementada a partir de 2017. Quando percebeu que seria necessário puxar um ramal de energia elétrica da rede concessionária com quase 2 km de extensão para alimentar uma bomba, fez as contas e se assustou. Teria de desembolsar perto de R$ 90.000 e ainda arcar com um acréscimo entre R$ 800 a R$ 1.000 na conta mensal.
Em dezembro de 2019, ele optou pela geração de energia por meio da captação da luz solar, investindo R$ 21.500 em um sistema fotovoltaico com oito placas solares, com potência total de 2.640 Watts, suficiente para o funcionamento de um motor elétrico de 2 cv, potência capaz de levar água ao reservatório em um volume de até 8.000 litros/hora. De lá pra cá, não desembolsou mais nada e não lhe faltou energia nem água. “Em quase um ano e meio, o modelo vem funcionando sem qualquer problema”, garante.
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Proprietário da Elmo Agropecuária, que somente em Campos Verdes possui mais duas fazendas – Tiúbas (também de cria) e Floresta (recria/engorda) – , Pinheiro integra um grupo crescente de produtores brasileiros que opta pela geração de energia própria (no caso, solar). Não há números oficiais segmentados na agropecuária, mas dados recentes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) revelam que o setor rural detém 13% de toda a potência instalada no Brasil, superando o industrial (8,6%). Perde apenas para os setores residencial (39,2%) e comercial/serviços (37,8%).
Mais do que economia, a geração de energia por meio da luz solar ajudou a viabilizar o funcionamento da nova estrutura hidráulica da fazenda, que, até 2017, contava apenas com aguadas naturais para dessedentar seus animais. O investimento contribuiu para ganhos em eficiência.
“Nossa lotação, que variava de 0,85 a 1 UA/ha, passou a flutuar entre 1,4 e 1,6 UA/ha. A energia solar não foi responsável diretamente pelo aumento da lotação, mas deu segurança para o fornecimento de água em qualidade e quantidade”, esclarece o pecuarista.