Os preços do boi gordo no mercado brasileiro seguem em banho-maria, sem tendência definida, mas a notícia sobre o veto temporário imposto pelo governo argentino aos embarques de carne bovina do país (por um período de 30 dias) pode estimular, no curto prazo, uma nova trajetória de alta na arroba no País.
Isso porque, segundo os analistas, o Brasil é o único grande exportador mundial capacitado atualmente para preencher a lacuna deixada no mercado internacional pelo país vizinho – sobretudo no mercado da China, um grande cliente da carne produzida nos países da América do Sul.
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Informações de mercado relatam que, no ano passado, a China respondeu por cerca de 70% de todas as exportações de carne bovina da Argentina
Segundo informações da IHS Markit, juntos, o Brasil, Argentina, Austrália, Uruguai e Nova Zelândia representam 96% das importações chinesas de carne bovina.
Sozinha, a Argentina detém 23% do total embarcado ao mercado chinês, montante que deve ser diluído entre Brasil, Uruguai e Nova Zelândia, prevê a IHS.
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No entanto, tanto a Nova Zelândia quanto o Uruguai têm baixa produção excedente de carne bovina, devido ao rebanho bovino reduzido (em comparação ao tamanho do plantel brasileiro).
Já a Austrália segue tendo atritos comerciais com a China e, por isso, continua trabalhando com poucas plantas habilitadas para embarcar carne ao país asiático.
Além disso, a Austrália registra atualmente uma grande escassez de oferta de animais para abate, devido à forte redução do rebanho após um período de dois anos de seca nas principais regiões pecuárias.
Um exportador da Austrália relatou ao portal australiano Beef Central que, atualmente, o país vende ao mercado chinês “cortes muitos baratos ou de alto valor agregado (de raças como Angus e Wagyu)”, ou seja, não há entregas de produtos intermediários, justamente o tipo de carne fornecido pelos países da América do Sul.
Os Estados Unidos também têm poucas chances de ocupar imediatamente o espaço deixado pela carne argentina, mesmo depois que o governo da China habilitou, recentemente, mais plantas exportadoras norte-americanas (31 unidades no total, de carne bovina, suína e de frango) – além de outras 19 no mês anterior.
Isso porque os exportadores norte-americanos vendem à China basicamente carne oriunda de animais Angus alimentados com grãos, produto de alto valor agregado, bem diferente da carne “commodity (mais barata) fornecida pela Argentina.
Dia a dia do mercado brasileiro – Como ocorreu nos últimos dias, nesta quarta-feira, 19 de maio, os preços do boi gordo seguiram estáveis nas principais regiões pecuárias do País.
Segundo dados apurados pela Scot Consultoria, nas praças paulistas, o boi gordo, vaca e novilha são negociados atualmente em R$ 306/@, R$ 283/@ e R$ 298/@ (preços brutos e a prazo), respectivamente. Para bovinos com padrão-exportação, os frigoríficos de São Paulo pagam o ágio de até R$ 8/@, acrescenta a Scot.
Na avaliação da IHS Markit, a oferta de animais terminados mostra cada vez mais sinais de restrições, esboçando a possibilidade de retorno de uma nova tendência de alta da arroba, processo já consolidado nos contratos futuros na B3.
Na terça-feira, os contratos com vencimento em outubro bateram novo recorde, fechando em R$ 341/@.
Segundo a IHS, por equanto, as indústrias frigoríficas de todo o Brasil seguem cautelosas nas ordens de compras de boiadas gordas, visando não alavancar os preços e desgastar ainda mais as suas margens operacionais.
Porém, a redução das escalas de abate, hoje entre entre cinco e sete dias, além da possibilidade de ocupar o espaço da Argentina no mercado internacional, pode forçar maiores ações, mesmo com o fraco consumo doméstico de carne bovina, observa a IHS.
Estabilidade também no atacado – No mercado atacadista brasileiro, os preços dos principais cortes bovinos permaneceram estáveis nesta quarta-feira.
A demanda pela proteína bovina segue caminhando a passos lentos, informa a IHS Markit.
“A dificuldade de escoamentos é grande, mesmo após reduções de preços dos cortes dianteiros e ponta de agulha”, relata a consultoria.
As distribuidoras e varejistas, porém, esperam conseguir leve reação do consumo ao longo do próximo final de semana, devido sobretudo à antecipação do auxílio emergencial, acrescenta a IHS.
Cotações desta quarta-feira, 19 de maio, segundo dados da IHS Markit:
SP-Noroeste:
boi a R$ 310/@ (prazo)
vaca a R$ 290/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 297/@ (à vista)
vaca a R$ 285@ (à vista)
MS-C.Grande:
boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)
MS-Três Lagoas:
boi a R$ 298/@ (prazo)
vaca a R$ 283/@ (prazo)
MT-Cáceres:
boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca a R$ 290/@ (prazo)
MT-Tangará:
boi a R$ 302/@ (prazo)
vaca a R$ 290/@ (prazo)
MT-B. Garças:
boi a R$ 299/@ (prazo)
vaca a R$ 286/@ (prazo)
MT-Cuiabá:
boi a R$ 297/@ (à vista)
vaca a R$ 285/@ (à vista)
MT-Colíder:
boi a R$ 297/@ (à vista)
vaca a R$ 285/@ (à vista)
GO-Goiânia:
boi a R$ 292/@ (prazo)
vaca R$ 282/@ (prazo)
GO-Sul:
boi a R$ 292/@ (prazo)
vaca a R$ 282/@ (prazo)
PR-Maringá:
boi a R$ 300/@ (à vista)
vaca a R$ 285/@ (à vista)
MG-Triângulo:
boi a R$ 297/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)
MG-B.H.:
boi a R$ 295/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)
BA-F. Santana:
boi a R$ 288/@ (à vista)
vaca a R$ 277/@ (à vista)
RS-Porto Alegre:
boi a R$ 296/@ (à vista)
vaca a R$ 281/@ (à vista)
RS-Fronteira:
boi a R$ 296/@ (à vista)
vaca a R$ 281/@ (à vista)
PA-Marabá:
boi a R$ 290/@ (prazo)
vaca a R$ 288/@ (prazo)
PA-Redenção:
boi a R$ 291@ (prazo)
vaca a R$ 286/@ (prazo)
PA-Paragominas:
boi a R$ 294/@ (prazo)
vaca a R$ 282/@ (prazo)
TO-Araguaína:
boi a R$ 295@ (prazo)
vaca a R$ 2878/@ (prazo)
TO-Gurupi:
boi a R$ 295/@ (à vista)
vaca a R$ 288/@ (à vista)
RO-Cacoal:
boi a R$ 286/@ (à vista)
vaca a R$ 276/@ (à vista)
RJ-Campos:
boi a R$ 292/@ (prazo)
vaca a R$ 276/@ (prazo)
MA-Açailândia:
boi a R$ 282@ (à vista)
vaca a R$ 268/@ (à vista)